segunda-feira, 11 de maio de 2015

OS IDOS DE MAIO DE 1975



11 de Maio de 1975

ENCERRAMENTO do 1º Congresso de Escritores.
Presente o Primeiro-Ministro Vasco Gonçalves.
Falou do prazer de estar ali, pediu desculpa de os seus afazeres não lhe terem permitido preparar uma intervenção com o mínimo de cuidado e do que irá dizer, entre tantos ilustres intelectuais, vai sair muita «bota».
Em primeiro lugar eu queria saudar a Associação dos Escritores Portugueses como uma Associação de resistentes anti-fascistas.
O fascismo nunca contou com os intelectuais portugueses. Terá havido uns transfugas, mas o carácter, nem se diz já o carácter dominante, foi quase um carácter absoluto o de eles nunca contarem com os intelectuais portugueses.
Disse ainda:
Alguns oficiais que vêm de campanhas de dinamização dizem que «levaram uma lavagem ao cérebro».
Tem-se falado da Revolução Cultural e nós precisamos de uma revolução cultural. Mas revolução cultural não é meter ideias à força na cabeça das pessoas, atenção. A experiência deste século tem demonstrado que isto não é possível. Não podemos meter as ideias à força. Isto está condenado ao malogro.
E acabou por exortar os escritores:
Venham para o pé de nós contribuir para a revolução do povo português. Os escritores podem fazer o nosso povo galgar anos e anos de atraso cultural. No Conselho da Revolução já provámos à saciedade que não desejamos implantar uma ditadura em Portugal. O dirigismo e os papões sobre o dirigismo são um meio de vos dividir.
Na qualidade de presidente da Associação Portuguesa de Escritores já José Gomes dissera no discurso de abertura que a liberdade não constitui monopólio de ninguém, assim como nenhuma corrente ou escola literária pode julgar-se detentora da verdade suprema e terminou com um
Viva o futuro. Livre.

FACE AOS INCIDENTES que se continuam a verificar em Angola, o Ministério da Coordenação Internacional admite o eventual regresso de muitos portugueses a Lisboa.

O BENFICA venceu o Campeonato Nacional de Futebol da I Divisão.

 Fontes:
- Acervo pessoal;
Os Dias Loucos do PREC de Adelino Gomes e José Pedro Castanheira.

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