11 de Maio de
1975
ENCERRAMENTO do
1º Congresso de Escritores.
Presente o
Primeiro-Ministro Vasco Gonçalves.
Falou do prazer
de estar ali, pediu desculpa de os seus afazeres não lhe terem permitido
preparar uma intervenção com o mínimo de cuidado e do que irá dizer, entre
tantos ilustres intelectuais, vai sair muita «bota».
Em primeiro lugar eu queria saudar a Associação dos
Escritores Portugueses como uma Associação de resistentes anti-fascistas.
O fascismo nunca contou com os intelectuais portugueses.
Terá havido uns transfugas, mas o carácter, nem se diz já o carácter dominante,
foi quase um carácter absoluto o de eles nunca contarem com os intelectuais
portugueses.
Disse ainda:
Alguns oficiais que vêm de campanhas de dinamização
dizem que «levaram uma lavagem ao cérebro».
Tem-se falado da Revolução Cultural e nós precisamos
de uma revolução cultural. Mas revolução cultural não é meter ideias à força na
cabeça das pessoas, atenção. A experiência deste século tem demonstrado que
isto não é possível. Não podemos meter as ideias à força. Isto está condenado
ao malogro.
E acabou por
exortar os escritores:
Venham para o pé de nós contribuir para a revolução do
povo português. Os escritores podem fazer o nosso povo galgar anos e anos de
atraso cultural. No Conselho da Revolução já provámos à saciedade que não
desejamos implantar uma ditadura em Portugal. O dirigismo e os papões sobre o
dirigismo são um meio de vos dividir.
Na qualidade de
presidente da Associação Portuguesa de Escritores já José Gomes dissera no
discurso de abertura que a liberdade não constitui monopólio de ninguém,
assim como nenhuma corrente ou escola literária pode julgar-se detentora da
verdade suprema e terminou com um
Viva o futuro. Livre.
FACE AOS
INCIDENTES que se continuam a verificar em Angola, o Ministério da Coordenação
Internacional admite o eventual regresso de muitos portugueses a Lisboa.
O BENFICA venceu
o Campeonato Nacional de Futebol da I Divisão.
Fontes:
- Acervo
pessoal;
- Os Dias
Loucos do PREC de Adelino
Gomes e José Pedro Castanheira.
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