Confirmámos, se dúvidas tivéssemos, que para PassosCoelho os fins justificam os meios. Isto é, que os milhares de empregosdestruídos nos últimos quatro anos não passam de pequena azia naturalresultante do xarope, ou que a dor dos mais de 400 mil forçados a emigrar é umestado febril consequência da dose medicamentosa, ou que o facto de quasemetade dos portugueses enfrentar risco de pobreza antes de realizadas astransferências sociais seja uma ligeira moinha, efeito secundário doantibiótico. Isto para não falar do assalto às pensões e aos salários ou doenorme aumento de impostos, da degradação de serviços públicos essenciais comoo Serviço Nacional de Saúde, a justiça ou a escola pública, que nos deixaram aviver pior, muito pior. Mas isso são, certamente, enxaquecas ligeiras que, comodiria o outro, "o país aguenta". Em resumo, a tese é a de que selixem as pessoas, desde que os números batam certo. E o pior é que não batem.
Nuno Saraiva, Diário
de Notícias
Legenda: imagem
do Público
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