19 de Maio de
1975
A comissão de
trabalhadores do vespertino República reúne-se com a direcção e chefia
da redacção a quem sugerem que apresentem a demissão.
Apoiada pela
maioria da redacção, a direcção rejeita.
Em resposta, a
CT apodera-se do jornal. Quando sai para a rua no cabeçalho, em vez do director
Raul Rego, sai o nome de Álvaro Belo Marques.
Mário Soares
responsabiliza o Partido Comunista pelo sucedido.
Em frente ao
jornal, militantes socialistas gritam: República
é do povo não é de Moscovo, O Jornal não é do Cunhal.
Mário Soares,
rodeado de outros dirigentes socialistas, de megafone em punho realiza um
comício:
Estamos aqui como patriotas a defender a liberdade de
expressão pois não toleramos que uma escassa minoria de pessoas calem aquela
que é porventura das poucas vozes livres que ainda existem neste país.
Militares
impedem o assalto às instalações.
Em Portugal
Depois de Abril pode ler-se:
O PS era ainda um partido mal organizado e não
adaptara os seus métodos de acção às exigências do momento. Esqueceu-se de que
os jornais, nesta altura, se ganhavam e perdiam nas tipografias e não nas
redacções. Isso, de resto acontecera-lhe já no «Diário de Notícias, quando os
tipógrafos expulsaram a direcção socialista do jornal, nomeada por Raul Rego
quando ministro da Comunicação Social.
A tipografia do «República não era dominada pelo PC
mas pela esquerda revolucionária.
Diniz de Almeida
em Ascensão, Apogeu e Queda do M.F.A.:
Forçando a crise que lhe interessa muito mais do que o
jornal, o PS acusa o PC de estar por detrás dos acontecimentos, o que é
obviamente falso. Mas a verdade já não interessa então ao PS.
Dominique Pouchin lembra a Mário Soares que os empregados
e tipógrafos do jornal, elegeram uma
Comissão de Trabalhadores e apenas dois delegados eram militantes do PC, e os
outros, mais numerosos, não escondiam a sua hostilidade ao partido de Álvaro
Cunhal, mas Mário Soares ( o livro está datado de Abril de 1976)
reafirma que o Partido Comunista foi o instigador número um do conflito.
Dominique
Pouchin lembra a Soares uma afirmação de Lopes Cardoso, membro do Secretariado
Nacional do PS, datada de 27 de Junho de 1975:
Na minha opinião, o caso República não foi
desencadeado com o acordo do Partido Comunista Português. Há alguns comunistas
na Comissão de Trabalhadores, mas o P.C. tomou posições de vários matizes, e
discretas, sobre o assunto. Não acho que seja responsável pelo caso: de resto,
não tinha interesse nisso. Não vejo nenhuma razão para acreditar que o caso
haja sido desencadeado com o acordo da direcção do Partido Comunista.
Mário Soares
apenas lembra que o PS não é um partido monolítico e cada um tem a sua opinião.
APELO dos
redactores do jornal e resposta da Comissão de Trabalhadores, na edição de 19
de Maio.
Comunicado do
Partido Socialista, e apelos à manifestação frente ao jornal, distribuídos,
durante a tarde, em Lisboa.
Fontes:
- Acervo
pessoal;
- Os Dias
Loucos do PREC de Adelino
Gomes e José Pedro Castanheira.
- PortugalDepois de Abril de Avelino Rodrigues/Cesário Borga/Mário Cardoso
- Contra-Revoluçãode Fachada Socialista de Varela Gomes
- Portugal:
Que Revolução? de Dominique Pouchin em conversa com Mário Soares
- O Caso República de Francisco Costa e António Rodrigues.
Legenda: comunicado da nova direcção do República, publicado na 1ª página.
Legenda: comunicado da nova direcção do República, publicado na 1ª página.
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