Patti – disse-me ele -, estou a morrer. É tão doloroso.
Olhou para mim, com aquele olhar de amor e de
reprimenda. O meu amor por ele não poderia salvá-lo. O amor dele pela vida não
poderia salvá-lo. Era a primeira vez que eu sabia que ele iria morrer deveras.
Estava a sofrer um tormento físico que nenhum homem deveria ter de suportar.
Olhou-me com um tão penetrante ar de indulgência que eu não o aguentei e
desatei a chorar. Ele repreendeu-me por isso, mas abraçou-se a mim. Tentei
animar-me, mas já era demasiado tarde. Eu nada mais tinha para lhe oferecer a
não ser amor. Ajudei-o a sentar-se no sofá. Felizmente não tossiu, e adormeceu
com a cabeça encostada ao meu ombro.
A luz entrava pelas janelas e pousava nas fotografias
dele e no poema que éramos nós sentados perto um do outro uma última vez. O
Robert a morrer: criando silêncio. Eu, destinada a viver, ouvindo atentamente
um silêncio que demoraria uma vida inteira a exprimir.
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