segunda-feira, 27 de julho de 2015

OLHAR AS CAPAS


O Hóspede de Job

José Cardoso Pires
Editora Arcádia, Lisboa, Maio de 1965

Espalmada em córregos secos, numa terra de barro e areão que encarquilha ao sol; rasgados os campos pela estrada longa de asfalto ou por baforadas ronceiras de comboio – assim, no despontar da charneca, fica Cercal Novo: um clarim, uma igreja abraçada ao quartel, meia dúzia de casas ao correr da estrada, e principalmente um silvo, um delicado traço de fumo a alastrar sobre a planície:
«Uuuuu…»
«Comboio de Évora», dizem os militares nas casernas.
«Comboio de Évora», diz-se na cadeia, na enfermaria e na Casa do Soldado. «Comboio de Évora, comboio dos correcços e de quem vai de licença.»
E ao balcão das vendas alguém canta:

Lá vai o comboio, lá vai
Lá vai ele a assobiar…

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