31 de Julho de
1975
OTELO Saraiva de
Carvalho regressou, ontem, da sua viagem a Cuba.
No Aeroporto, uma
multidão recebeu-o entusiasticamente e houve conferência de imprensa, com
dezenas e dezenas de jornalistas portugueses e estrangeiros.
Eu e a delegação portuguesa vimos profundamente
impressionados com tudo o que nos foi dado apreciar. Depois daquilo que vi
concluí que vale realmente a pena construir uma sociedade socialista.
Um jornalista
pergunta-lhe sobre a eventual participação do V Governo Provisório.
Não posso comentar absolutamente nada sobre isso,
porque não tenho qualquer confirmação. Só depois de contactar os responsáveis é
que me posso pronunciar.
Sobre o
recrudescimento das campanhas de violência, declarou:
Gostaria de não fazer ameaças, mas afirmarei que,
nessa altura o M.F.A. estaria disposto a entrar também num caminho muito duro
de repressão, que temos evitado até agora. Aqui há tempo quando muito
candidamente e dei o meu voto negativo e desejando que oxalá nunca tivéssemos
de meter no Campo Pequeno os contra-revolucionários, recebi inúmeras cartas de
censura. Mas estou convencido de que, a curto prazo, termos de o fazer… Infelizmente,
a coisa parece que se está a encaminhar nesse sentido. Parece que se vai
tornando impossível fazer uma revolução
Socialista na totalidade pela via pacífica revolução.
Tal como disse em Cuba: o P.S., actualmente, é a grande esperança da direita em Portugal.
Neste momento o P. S. consegue absorver toda a direita, toda a reacção, neste
País, sendo o inimigo mais poderoso da esquerda… Terei de falar com o dr. Mário
Soares, pois não se concebem as posições que ele tem assumido, ele, um homem
que sempre foi um grande lutador antifascista. Estranho muito.
OS JORNAIS
continuam a dar amplas notícias da enorme onda de violência, de anti-comunismo
desencadeada nos últimos tempos.
As Forças
Armadas têm sido chamadas para por cobro aos graves incidentes,
Segundo o
vespertino A Capital, um grupo armado fez ir pelo ar a modesta casa onde
habita, em Évora, Dinis Miranda, membro do Comité Central do Partido Comunista
Português. A explosão provocou ferimentos em três familiares do deputado
comunista.
FOI DEMITIDO da
função pública o catedrático Soares Martinez, admirador de Salazar de quem foi
ministro da Saúde e solicito anfitrião aos «gorilas» enviados, durante a
ditadura, por Veiga Simão para a brutal repressão que se abateu sobre os
estudantes.
Fontes:
- Acervo
pessoal;
- Os Dias
Loucos do PREC de Adelino
Gomes e José Pedro Castanheira.
Legenda:
fotografia tirada de Os Dias
Loucos do PREC
Sem comentários:
Enviar um comentário