A ponte
sobre o Tejo foi inaugurada há 60 anos.
Ficou a
chamar-se Ponte Salazar.
Hoje,
chama-se Ponte 25 de Abril.
O ditador
nunca concordou com a obra e nem por escassas horas um dia se dignou visitar as
obras.
Passou a ser
a maior ponte suspensa da Europa e a maior do Mundo fora dos Estados Unidos.
Segundo previsões, moderadas, da altura a ponte renderia cem mil contos por ano.
Nos
primeiros dois dias não foram cobradas portagens.
Um automóvel
vulgar pagava vinte escudos de portagem e uma camioneta cem escudos.
O general França Borges, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, discursando no dia da inauguração:
Porque não foi possível verificar então a
realização desta e de tantas outras obras notáveis, no nosso tempo?
A resposta é simples e clara: anteriormente
à Revolução Nacional não foi possível realizar obra construtiva porque Salazar
não existia. No nosso tempo tudo foi possível porque Salazar existe.
Na verdade o Tejo, a velha estrada de
Lisboa, tem razão para gritar connosco:
- Muito obrigado Professor Salazar por nos
ter dado também a Ponte Salazar.
Ouviu.se a Aleluia de Haendel, o Cardeal
Cerejeira abençoou a ponte, a Rádio Televisão Portuguesa transmitiu a
cerimónia, o ditador Franco enviou ao Almirante Tomás, um telegrama:
Ao inaugurar-se grandiosa obra ponte sobre o
Tejo envio Vossa Excelência minhas mais entusiásticas felicitações.
A fotografia mostra a afluência de veículos na Praça da Portagem, nas primeiras
horas da madrugada do dia seguinte à inauguração
|
Foi este o programa dos festejos:
Sábado, dia 6
10,30 horas – Cerimónia da inauguração da Ponte
13,00 horas – Chegada do Cortejo que acompanha Sua Excelência o Chefe do Estado à Praça Afonso de Albuquerque e desfile em frente ao Palácio de Belém.
A ponte ficará aberta ao tráfego a partir das 13,30 horas
00,30 horas – Fogo de artificio no rio e nas colinas da margem sul.
Domingo, dia 7
09,00 horas – Regatas de remo e vela, provas de natação na área compreendida entre a
10,30 horas – Cerimónia da inauguração da Ponte
13,00 horas – Chegada do Cortejo que acompanha Sua Excelência o Chefe do Estado à Praça Afonso de Albuquerque e desfile em frente ao Palácio de Belém.
A ponte ficará aberta ao tráfego a partir das 13,30 horas
00,30 horas – Fogo de artificio no rio e nas colinas da margem sul.
Domingo, dia 7
09,00 horas – Regatas de remo e vela, provas de natação na área compreendida entre a
Ponte e a
doca de recreio em Belém, Porto Brandão e Trafaria.
10,00 horas – Missa campal no Santuário de Cristo-Rei
19,30 horas – Tourada de gala na Praça Carlos Relvas, em Setúbal.
21,30 horas – Iluminações Públicas e arraiais em Lisboa, Setúbal e Almada.
10,00 horas – Missa campal no Santuário de Cristo-Rei
19,30 horas – Tourada de gala na Praça Carlos Relvas, em Setúbal.
21,30 horas – Iluminações Públicas e arraiais em Lisboa, Setúbal e Almada.
Não constava
do programa oficial, mas na segunda-feira dia 8, o Ministro das Obras Públicas
ofereceu uma recepção de gala no Palácio Nacional de Queluz a que estiveram
presentes o Chefe de Estado, sua esposa e o Presidente do Conselho.
Tudo muito
bem-disposto, como se vê pela fotografia. Atrás das citadas personalidades, em
pleno Agosto, as madamas de peles.
Da reportagem
do Notícias de Portugal:
A auto-estrada é atingida às 13,30. Aí o
cortejo desmembra-se. O Almirante Américo Tomás dirige-se para o Palácio de
Belém e o Presidente do Conselho ruma ao Estoril.
Destaco o
pormenor: o Presidente do Conselho ruma
ao Estoril.
De facto,
Salazar passava os primeiros dias de Agosto no Forte de Santo António.
Foi aí, que
no dia 3 de Agosto de 1968, mandou-se para uma cadeira de lona e acabou estatelado no lajedo.
Não mais
recuperaria da pancada que sofreu na cabeça, e até à sua morte em 27 de Julho de 1970, viveu rodeado
de um deplorável teatro de fingimento e hipocrisia.
Legenda:
recortes e fotografias tirados do Notícias
de Portugal nº 1006 de 13 de Agosto de 1966.
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