A minha mãe amava-me profundamente e era
talvez uma mãe superprotectora e um pouco possessiva. Eu era muito pedinchão,
adorava fazer listas, escrever coisas, colecionar recortes de jornais, e a
minha mãe não só tolerava como incentivava todos estes comportamentos,
mantendo-me sempre abastecido de papel e lápis. Chamava-me «The Peerie
Professor», «peerie» queria dizer «pequeno» no dialecto das Shetland. Eu
amava-a, mas talvez o tipo de mundo onde tinha vindo nascer não favorecesse a
minha identificação com a sua nostalgia do passado; havia em mim algo mais
forte que me empurrava para o mundo do meu pai, e, afinal, isso era o que se
esperava dos rapazes nos anos 20.
Eric Lomax
em Uma Longa Viagem
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