O Homem em Ponto
Baptista-
Bastos
Capa: João
Botelho
Relógio d’Água,
Lisboa. Abril de 1984
Todos os livros são datados; quero dizer:
devolvem, fragmentariamente embora, a imagem das épocas em que foram redigidos.
Este não escapa à regra: assume-a e exige-a, ao contrário de outros, que, um
tanto grotescamente, aspiram à pretensa intemporalidade de horizontes
improváveis e imponderáveis. Precário e transitório, como tudo o que é humano,
reflecte uma particular atmosfera mental portuguesa, e, sem a ambição de
extenuar a História, fixa um determinado comportamento plural, através das
singulares palavras dos outros e das peculiares situações de momento. Estas
entrevistas (mais cinquenta) foram publicadas no semanário O Ponto, nascido de um singelo sonho de liberdade e
acalentado por um grupo de jornalistas que de seu só possuía a honra jamais hipotecada
e a ingénua convicção de que as palavras (sempre de recusa, sempre de protesto,
sempre exaltantes) poderiam ser integradas na grande voz colectiva e aceites
pelas minorias sem voz. O Ponto foi
um jornal arrebatadamente jovem, truculento, vitalizante, diferente – sobretudo
porque admitiu, compreendeu e defendeu o direito à diferença. O que muitos
consideraram o seu erro fatal, a sua condenação à partida. O que nós havíamos
premeditado como estandarte e cobiçado como emblema.
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