mas os outros, dissera Pedro, e também Clara, mas as muitas possibilidades das coisas, disseram, porque nada está nunca terminado enquanto se está vivo e é sempre possível recomeçar de outro modo, de repente estender a mão e inverter os termos da relação com o mundo, porque a vida se faz com as mãos, disse Clara, é apenas uma questão de desejar com força, deseja-se apenas ao de leve, como se não fosse verdade, mas se muita gente começar a empurrar o mundo ele vira-se para outro lado e transforma-se, há toda uma transformação subterrânea que sem se dar conta se opera, e de súbito há um outro horizonte possível, porque o mundo está ainda só muito imperfeitamente inventado.
Teolinda Gersão em Paisagem Com Mulher e Mar ao Fundo
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