domingo, 9 de fevereiro de 2020

OLHAR AS CAPAS


Inquisição e Cristãos-Novos
António José Saraiva
Capa: Armando Alves
Colecção Civilização Portuguesa nº 2
Editorial Inova, Porto, Fevereiro 1969

A vitória da Inquisição sobre os Cristãos-novos e os Jesuítas, em 1861, de modo algum destruiu o verme roedor que no espírito de um sector cada vez mais vasto do grupo dirigente a reduzia a uma carcaça sobrevivente e sem substância. É um fenómeno quase fascinante, embora mito recorrente, esta exibição soberba de um poder ilimitado, este recrudescimento do terror dos autos-de-fé, bem nutridos de vítimas durante o reinado de D. João V, esse respeito atemorizado e subserviente que inspirava o pretensamente Santo Tribunal, tanto no Rei, como nos súbditos, ao mesmo tempo que, nos gabinetes dos poderosos, nas celas dos conventos e mesmo no confessionário régio, se desprezava e odiava, a um tempo, este anacronismo bárbaro, a propósito do qual o padre António Vieira dizia que Portugal estava mais atrasado que os índios selvagens do Brasil.

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