A Ilha do Tesouro
Robert Louis
Stevenson
Tradução.
Alsácia Fontes Machado
Capa: Júlio
Gil
Desenhos:
Álvaro Duarte de Almeida
Biblioteca
dos Rapazes nº 25
Portugália
Editora, Lisboa s/d
O castelão Trelawney, o Dr. Livesey e
outros senhores pediram-me que escrevesse tudo o que eu sabia sobre a Ilha do
Tesouro, desde o princípio ao fim, sem esquecer nada, e apenas deixo em claro a
localização da ilha porque ela guarda um tesouro que ainda não foi retirado.
Peguei, pois, na pena no ano de graça de 17… e recuei até ao tempo em que meu
pai tinha a estalagem do «Almirante Benbow» e em que o velho marinheiro, com a
sua cicatriz duma sabrada, se instalou pela primeira vez sob o nosso tecto.
Lembro-me dele como se fosse ontem e
vejo-o transpondo a porta da estalagem e trazendo atrás de si a sua mala de
marujo. Era um homem alto, forte, pesado, de cor trigueira; uma alcatroada
trança de cabelo caía-lhe sobre o casacão azul, cheio de nódoas; as mãos eram calosas,
cobertas de cicatrizes, e as unhas enegrecidas e partidas; e a cicatriz da
cutilada que lhe atravessava uma face, punha nela um traço branco e lívido.
Vejo-o correndo a olhar em torno da enseada, assobiando em surdina, como ele
costumava fazer, e depois trauteando essa velha canção que cantas vezes
cantava:
Quinze homens
na mala do morto…
Io-ho-ho, e
uma garrafa de rum!
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