sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

OLHAR AS CAPAS



A Ilha do Tesouro

Robert Louis Stevenson
Tradução. Alsácia Fontes Machado
Capa: Júlio Gil
Desenhos: Álvaro Duarte de Almeida
Biblioteca dos Rapazes nº 25
Portugália Editora, Lisboa s/d

O castelão Trelawney, o Dr. Livesey e outros senhores pediram-me que escrevesse tudo o que eu sabia sobre a Ilha do Tesouro, desde o princípio ao fim, sem esquecer nada, e apenas deixo em claro a localização da ilha porque ela guarda um tesouro que ainda não foi retirado. Peguei, pois, na pena no ano de graça de 17… e recuei até ao tempo em que meu pai tinha a estalagem do «Almirante Benbow» e em que o velho marinheiro, com a sua cicatriz duma sabrada, se instalou pela primeira vez sob o nosso tecto.
Lembro-me dele como se fosse ontem e vejo-o transpondo a porta da estalagem e trazendo atrás de si a sua mala de marujo. Era um homem alto, forte, pesado, de cor trigueira; uma alcatroada trança de cabelo caía-lhe sobre o casacão azul, cheio de nódoas; as mãos eram calosas, cobertas de cicatrizes, e as unhas enegrecidas e partidas; e a cicatriz da cutilada que lhe atravessava uma face, punha nela um traço branco e lívido. Vejo-o correndo a olhar em torno da enseada, assobiando em surdina, como ele costumava fazer, e depois trauteando essa velha canção que cantas vezes cantava:

Quinze homens na mala do morto…
Io-ho-ho, e uma garrafa de rum!

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