Dito já que começaram as iniciativas que visam registar o centenário do nascimento de José Saramago, acrescenta-se que irei pegando num qualquer livro de José Saramago e copiarei dele uma frase, um parágrafo, aquilo que constituem os milhares de sublinhados que, ao longo dos muitos anos de leituras, invadiram os livros de José Saramago que habitam a Biblioteca da Casa.
Voltamos aos
Sublinhados Saramaguianos.
O último foi
publicado no dia 29 de Julho e aproveitava a boleia de um número da Visão Biografia em que é feito um
Memorial da Sua Vida.
Há dias publicámos
aqui no Cais a fotografia de um VW carocha tirada perto do Restaurante Mattos.
Voltamos à revista Visão Biografia para aproveitar uma
referência ao Restaurante Mattos, tirada da entrevista que Pedro Dias de
Almeida fez ao editor Zeferino Coelho.
Assim:
«Quando chegava a Lisboa íamos muitas vezes jantar ao Mattos, um
restaurante, ali ao pé da Avenida de Roma, onde ele pedia uma posta de bacalhau
assado.»
Por uma outra
referência no José Saramago Rota de Vida
de Joaquim Vieira, existe um outro episódio contado por Esmeralda Cardoso e
Silva, uma trabalhadora da Editorial Caminho:
«Ele gostava muito de bacalhau, e a Pilar nos últimos anos queria que
ele fosse vegetariano. Ele quando cá vinha dizia ao Zeferino “Marca lá um
jantar na Varina da Madragoa para comer um bacalhau.»
Não coloco dúvidas o
quanto Pilar del Rio ajudou o viver de José Saramago.
Quem viu o longo
documentário (125 minutos) «José e Pilar»
de Miguel Gonçalves Mendes, poderá constatar isso e algo mais.
Não gosto
particularmente do documentário, acima de tudo porque revela, nos tempos finais
de vida de Saramago, um exagero de viagens, colóquios, sessões de autógrafos e
que revelam o evidente cansaço de que Saramago dava sinais.
Pilar terá, um dia, dito que a melhor comida do mundo é ovos com batatas, porque é a comida dos pobres.
Ainda o livro de
Joaquim Vieira:
«Saramago reconhecia a hegemonia da mulher na sua vida, e chegava mesmo
a afirmar (mantendo a dúvida se ironizava ou não): «Uma sugestão da Pilar é uma
ordem».
2 comentários:
Estranho poder que a Dona Pilar tinha sobre a criatura. Tanto mais estranho se tivermos presente a maneira como esta se portou com Isabel da Nóbrega
As paixões acontecem, não se explicam.
O Senhor meu pai, que tinha mestrado e doutoramento na matéria, costumava dizer: «Deus Marcus Rá seja louvado, nunca impedi animal algum na sua procriação.»
Da paixão de Saramago por Pilar só eles poderão dizer o que quer que seja. O mesmo se passa com o que aconteceu entre José Saramago e Isabel da Nóbrega. Da paixão e daquilo que depois se seguiu. Os desgostantes de Saramago adiantam amiúde que ele se «portou muito mal» com Isabel da Nóbrega. É assunto que fujo rapidamente. Eu, que gosto de Saramago, também gosto de Isabel Nóbrega, poderia lembrar que o que a escritora terá feito a João Gaspar Simões também não foi bonito, mas isso são historietas de revistas cor-de-rosa que estão arredias do meu quotidiano.
José Saramago gostava de mulheres.
Depreciativamente, Joaquim Vieira, que não aprecia Saramago, no livro que escreveu sobre o autor, diz que ele era um pinga-amor. Que fosse! Pilar, quando lhe foram comunicar que Saramago continuava a olhar para as mulheres, terá dito:
«- Saramago gosta de mulheres, ponto final.
- Gostou de mulheres, agora gosta de uma mulher…
- Isso daria muito que falar.
- Não serei eu que irei falar.
- O campo é aberto, o campo não tem portas.»
Também mais não sei o que possa dizer.
Talvez lembrar que na casa de Lanzarote, todos os relógios têm a mesma hora, a quase exacta hora em que Saramago conheceu Pilar.
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