Quero dizer-vos
que um destes dias apanhei um enorme susto.
Fui à
estante da Biblioteca da Casa para consultar o Isto Anda Tudo Ligado do Eduardo Guerra Carneiro e não o encontrei.
Fora do
sítio? Emprestado?
Há livros
que não empresto mesmo e se por qualquer razão isso acontece, sei bem a quem o
empresto.
Comecei a
suar frio.
Onde o
terei deixado?
Passaram-se
os dias e antes de chegar a qualquer alfarrabista, telefonei ao José Antunes
Ribeiro se ainda, perdido pelo armazém, tinha algum exemplar.
Da 1ª
edição nada resta, mas em 2015 reeditou o livrinho e existem alguns exemplares.
Pedi que
mo enviasse pelo correio e passados uns dias, o carteiro bateu à porta.
Voltei a
relê-lo num curtíssimo golpe de asa.
Um enorme
livro!
Tudo isto
se passou há três anos.
Ontem, a
mexer numa pasta de papelada antiga, fui dar com o meu velho livrinho de capa vermelha do Isto Anda Tudo Ligado do Eduardo Guerra Carneiro, possivelmente, a
fazer de marca para qualquer coisa que
eu consultei.
Como foi
possível?
Acreditam
que chorei, eu que até não sou de lágrima fácil?
Se a
felicidade é possível, acreditei que é o que agora sinto.
A 1ªedição custou-me, à data de saída, 25 escudos, qualquer coisa como 1,25 euros,
a 2 ª edição custou-me 10 euros, mais os portes de correio.
O livro
está dividido em duas partes: «Jardim de Alguns Objectos e Coisas Reais»
com 11 poemas e «Isto Anda Tudo Ligado»,
maravilhosos textos curtos.
Ambas as
capas são vermelhas.
Dado o
tempo que decorreu, já lá vão 53 anos, caramba! como estou velho, o vermelho está um tanto ou quanto desmaiado.
Termino
esta feliz nota, copiando no Nota que o Editor, José Antunes Ribeiro, entendeu
deixar nesta nova edição do livro do Eduardo:
«Em
Janeiro de 1970 este ISTO ANDA TUDO LIGADO, de Eduardo Guerra Carneiro deu
início às edições da Ulmeiro, livraria e editora que aparecera um mês antes.
Esta
reedição, numa pequena tiragem, numerada e assinada pelo editor, é dedicada à
memória do Eduardo Guerra Carneiro que partiu no dia 2 de Janeiro numa hora
triste de desespero e desencanto.
O título
deste livro anda por aí dito e redito ao mesmo tempo que a memória do poeta é
silenciada e ignorada.
Este foi
o primeiro livro da Ulmeiro. Um grande livro. Um grande poeta, um grande
jornalista. A falta que me fazes , Eduardo. Tinha uns projectos para discutir
contigo. “Um dia destes falamos”! Pois é…
ISTO ANDA
TUDO LIGADO.
José
Antunes Ribeiro»