sexta-feira, 2 de setembro de 2011

OLHAR AS CAPAS



Isto Anda Tudo Ligado

Eduardo Guerra Carneiro
Cadernos Peninsulares nº. 1
Ulmeiro, Lisboa, Janeiro 1970

Onde estás agora? Disseram-me que a tristeza se instalou nas cadeiras da tua
casa, nos
teus móveis de estilo, entre os
lençóis da tua imensa cama. A tua voz
ainda s
oa por entre os meus livros, em
alguns discos, no fundo de algumas gar-
rafas
. Onde estás agora? Disseram-me
que o vento já não afasta os teus cabelos.
Em al
guns descampados ficou a recor
dação da tua magnífica água-de-colónia,
do
shampoo que em certas tardes de
Março íamos comprar ao supermercado
perto do
Hotel. Lembro o teu corpo como
quem recorda um navio ou um poema de
Camilo Pessanha.

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