Se bem que a fotografia seja muito anterior a 1967, já há alguns anos que os amarelos da CARRIS não circulavam nos Restauradores, esta é a imagem que o Eden apresentava, quando, por lá, vimos o “Bonnie &Clyde”.
Aqui pelo burgo, “Bonnie Clyde”, provocou uma longa e acesa polémica, em que andaram ao barulho alguns intelectuais da praça: Eduardo Prado Coelho, como não poderia deixar de ser, Mário Dionísio, Natália Nunes, Bernardo Santareno, Nuno Bragança, José Régio, aparecido de Portalegre, cidade do Alto Alentejo, cercada
de serras, ventos, penhascos, oliveiras e sobreiros, também botou opinião e Agustina Bessa Luís desceu do seu recanto-chá-das-cinco-tripeiro para escrever no “Diário Popular” algo que assim começava:
"Eu não pensava dedicar a este assunto uma só linha, mas acho injusto e leviano não o fazer."
A chinfrineira foi de tal ordem que quase fez passar ao lado o bonito filme de Arthur Penn,, excelentes interpretações de Warren Beatty e Faye Dunaway, diga-se.
À viva força, umas almas penadas, quiseram deixar vincado, sem qualquer sucesso, que o filme instigava os jovens à violência.
“Eles são jovens, estão apaixonados e matam gente.”
O lindíssimo edifício do Cinema Eden, foi concebido pelo arquitecto Cassiano Branco,
Abriu as portas no dia 1 de Abril de 1937 e, a 31 de Dezembro de 1989, com o filme “Os Deuses Devem estar Loucos”, encerrou-as, como cinema, para sempre.
Sim, é só loucos podiam estar, para terem permitido, que uma sala como aquela, fosse fechada, mas a especulação imobiliária, sem rei nem roque, a isso obrigou.
A Câmara Municipal de Lisboa tentou, por diversas vezes, manter o “Eden” como espaço para iniciativas de carácter cultural, mas os prometidos mecenas nunca chegaram a aparece com os cheques na mão.
Recuperado pelo Arquitecto Frederico Valsassina, é, hoje, um hotel e onde, naquele tempo, estava o “Café Aviz”, tem porta aberta uma “Loja do Cidadão”
Richard Branson, o extravagante dono da “Virgin”, no dia 28 de Novembro de 1996, abriu por ali loja, mas, passado pouco tempo, teve de dizer au revoir, enchanté de vous connaitre.
O império do mal, que dá pelo nome de FNAC, começava a secar tudo em volta e arredores.
Legenda: não foi possível identificar o autor da fotografia do antigo cinema, tão pouco a data em que foi tirada.
A outra fotografia, é o edifício do Eden como hoje o podemos ver.
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