No bairro de Alfama os carros eléctricos amarelos chiavam nas subidas.
Ali havia duas prisões. Uma era para
ladrões
que acenavam através das grades.
Gritavam, queriam ser fotografados.
“Mas aqui”, disse o guarda-freio com um
risinho de hesitação,
“aqui estão os políticos.” Olhei para a
fachada, a fachada, a fachada,
e no último andar, a uma janela, vi um
homem
com um binóculo a olhar para o mar.
Roupa que fora lavada secava pendurada
ao sol. As pedras dos muros estavam quentes.
As moscas liam cartas microscópicas**.
Seis anos mais tarde, perguntei a uma
senhora de Lisboa:
“Aquilo era mesmo verdade ou fui eu que
sonhei?”
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