Trópico de Capricórnio
Henry Miller
Tradução:
Fernando Pinto Rodrigues
Capa: Carlos
Bravo
Biblioteca
Visão nº 19
Abril/Controljornal,
Lisboa, Junho de 2000
Tudo acima do horizonte é claro para
mim. É como Domingo de Páscoa. A morte está atrás de mim e o nascimento também.
Agora vou viver entre as doenças da vida. Vou viver a vida espiritual do
pigmeu, a vida secreta do homenzinho no ermo do mato. Interior e exterior
trocaram os lugares. O equilíbrio já não é o objectivo – a balança tem de ser
destruída. Deixa-me ouvir-te prometer de novo todas as soalheiras coisas que
trazes dentro de ti. Deixa-me acreditar só por um dia, enquanto descanso ao ar
livre, que o Sol traz boas novas. Deixa-me apodrecer em esplendor enquanto oSol
rebenta no teu útero. Acredito implicitamente em todas as tuas mentiras.
Tomo-te como personificação do mal, como a destruidora da alma, como a maharani da noite. Prega o teu útero na minha
parede, para que possa lembrar-me de ti. Temos de ir andando. Amanhã, amanhã…
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