sábado, 3 de agosto de 2024

OLHAR AS CAPAS


Trópico de Capricórnio

Henry Miller

Tradução: Fernando Pinto Rodrigues

Capa: Carlos Bravo

Biblioteca Visão nº 19

Abril/Controljornal, Lisboa, Junho de 2000

Tudo acima do horizonte é claro para mim. É como Domingo de Páscoa. A morte está atrás de mim e o nascimento também. Agora vou viver entre as doenças da vida. Vou viver a vida espiritual do pigmeu, a vida secreta do homenzinho no ermo do mato. Interior e exterior trocaram os lugares. O equilíbrio já não é o objectivo – a balança tem de ser destruída. Deixa-me ouvir-te prometer de novo todas as soalheiras coisas que trazes dentro de ti. Deixa-me acreditar só por um dia, enquanto descanso ao ar livre, que o Sol traz boas novas. Deixa-me apodrecer em esplendor enquanto oSol rebenta no teu útero. Acredito implicitamente em todas as tuas mentiras. Tomo-te como personificação do mal, como a destruidora da alma, como a maharani da noite. Prega o teu útero na minha parede, para que possa lembrar-me de ti. Temos de ir andando. Amanhã, amanhã…

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