Para começar tirem-me este trapo da
cara, que faz cócegas,
e amortalhem nele o meu gato e enterrem-no
ali onde era o meu jardim cromático.
Levem a coroa de latão de cima do meu
peito
e atirem-na às estátuas erguidas no entulho,
e ofereçam os laços às putas, para que com eles se enfeitem.
Rezem as orações a um telefone antiquado
e sem fio
ou embrulhem-nas num lenço de assoar cheio de farelos
para os estúpidos peixes do charco.
O Bispo que fique em casa e se
emborrache,
deem-lhe uma garrafa de rum
(o sermão vai fazer-lhe sede).
E deixem-me em paz com lápides e chapéus altos!
Com o belo basalto pavimentem uma viela
onde ninguém more,
uma Ruazinha para pássaros.
Na minha mala há muito papel amarelo
para o meu primo miúdo
fazer com ele avionettes que hão de voar, bonitas, da ponte
e ir mergulhar no rio.
O mais que fica (umas cuecas, um isqueiro, uma linda opala
e um despertador) isso é para oferecer a Calístenes, o trapeiro,
com a devida gorjeta.
Quanto à ressurreição da carne,
entretanto, e à vida eterna,
dessas coisas trato eu, se estão de acordo:
É cá comigo, não acham? Então, adeus!
Na banca de cabeceira há ainda alguns
cigarros.
Cristovam Pavia
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