sábado, 10 de agosto de 2024

OS ITINERÁRIOS DO EDUARDO


O de hoje, será um estranho Itinerário do Eduardo.

Mil e Outras Noites é uma antologia poética do Eduardo Guerra Carneiro, publicado em Maio de 2018, pela Língua Morta, com selecção de Miguel Filipe Mochila, prefácio e posfácio de Vitor Silva Tavares.

Um bonito livro de um dos bons poetas e jornalistas deste país.

Fizeranm-se 300 exemplares!

Quantos foram vendidos?

A abrir o livro, esta nota:

«Eduardo Guerra Carneiro (Chaves, 1942 – Lisboa, 2004) levava isto muito a sério que, em momentos, a escrita terá sido das poucas coisas que o segurou à vida, lhe deu alento, adiando o fim. Não se vê a linha que separa a poesia do resto que por cá foi fazendo. Mas tal como não se pode viver todos os dias, daí também se observa um espaçado silêncio entre cada livro, e se entende a nota dissonante, a aparência descabelada da sua poesia. Obedecemos, por isso, nesta recolha a uma ordem fiel à cronologia da obra.»

Repete-se: fizeram-se 300 exemplares!

Também se repete a pergunta:

Quantos foram vendidos?

Vitor Silva Tavares que tão bem o conheceu, que tanto gostava dele:

«Como se diz dos elefantes, também ele se considerou morto e morreu. Foi-se indo morrendo. Deixando-se matar nele até que se matou. Subscrevendo o homicídio.»

O livro é de 1973, publicado pela Assírio & Alvim e chama-se É Assim que se Faz a História.

«O princípio de tudo num P.S.: Há tantos silêncios… Porto Covo abriga ainda uma canção, dois ou três maços de cigarros vazios, um spray para a garganta que lá ficou esquecido, uma aventura dos anos cinquenta que repetimos nos nossos trinta anos. Falavas de um tempo de escuridão total: as trevas. Um P.S.: Tantas coisas que não se podem deixar escritas…»

Legenda: a imagem que se reproduz é a contra capa de Mil E Outras Noites 

2 comentários:

Luis Eme disse...

Eu comprei um.

É um belo livro de um grande poeta!

Sammy, o paquete disse...

Já o disse por aqui: devo à Antologia de Poesia do Pós Guerra, editada, em ditadura, pelo Vitor Silva Tavares, a necessidade e a urgência de ir à procura da poesia que por completo desconhecia. E a ajuda foi a excelente colecção «Poetas de Hoje» publicada pela Portugália.
Tenho todos os livros do Eduardo Guerra Carneiro mas não poderia falhar esta Antologia. Um poeta lamentavelmente quase esquecido. Como tantos e tantos, mas não tantos, pois o Manuel António Pina disse que eram tão poucos que um dia os convidaria para uma almoçarada.
Ainda O Manuel António Pina:
«Às vezes pergunto-me quem raio seria eu se, em vez de ter lido os livros que li, tivesse antes lido os que não li. Provavelmente cruzar-me-ia comigo na rua e não me reconheceria.»