O de hoje, será
um estranho Itinerário do Eduardo.
Mil e Outras Noites é uma antologia poética do Eduardo Guerra Carneiro, publicado em Maio de 2018, pela Língua Morta, com selecção de Miguel Filipe Mochila, prefácio e posfácio de Vitor Silva Tavares.
Um bonito livro de um dos bons poetas e jornalistas deste país.
Fizeranm-se 300 exemplares!
Quantos foram
vendidos?
A abrir o
livro, esta nota:
«Eduardo
Guerra Carneiro (Chaves, 1942 – Lisboa, 2004) levava isto muito a sério que, em
momentos, a escrita terá sido das poucas coisas que o segurou à vida, lhe deu alento,
adiando o fim. Não se vê a linha que separa a poesia do resto que por cá foi
fazendo. Mas tal como não se pode viver todos os dias, daí também se observa um
espaçado silêncio entre cada livro, e se entende a nota dissonante, a aparência
descabelada da sua poesia. Obedecemos, por isso, nesta recolha a uma ordem fiel
à cronologia da obra.»
Repete-se: fizeram-se 300 exemplares!
Também se
repete a pergunta:
Quantos foram
vendidos?
Vitor Silva
Tavares que tão bem o conheceu, que tanto gostava dele:
«Como se diz dos elefantes, também ele
se considerou morto e morreu. Foi-se indo morrendo. Deixando-se matar nele até
que se matou. Subscrevendo o homicídio.»
O livro é de
1973, publicado pela Assírio & Alvim e chama-se É Assim que se Faz a História.
«O princípio de tudo num P.S.: Há tantos
silêncios… Porto Covo abriga ainda uma canção, dois ou três maços de cigarros
vazios, um spray para a garganta que lá ficou esquecido, uma aventura dos anos
cinquenta que repetimos nos nossos trinta anos. Falavas de um tempo de
escuridão total: as trevas. Um P.S.: Tantas coisas que não se podem deixar
escritas…»
Legenda: a imagem que se reproduz é a contra capa de Mil E Outras Noites
2 comentários:
Eu comprei um.
É um belo livro de um grande poeta!
Já o disse por aqui: devo à Antologia de Poesia do Pós Guerra, editada, em ditadura, pelo Vitor Silva Tavares, a necessidade e a urgência de ir à procura da poesia que por completo desconhecia. E a ajuda foi a excelente colecção «Poetas de Hoje» publicada pela Portugália.
Tenho todos os livros do Eduardo Guerra Carneiro mas não poderia falhar esta Antologia. Um poeta lamentavelmente quase esquecido. Como tantos e tantos, mas não tantos, pois o Manuel António Pina disse que eram tão poucos que um dia os convidaria para uma almoçarada.
Ainda O Manuel António Pina:
«Às vezes pergunto-me quem raio seria eu se, em vez de ter lido os livros que li, tivesse antes lido os que não li. Provavelmente cruzar-me-ia comigo na rua e não me reconheceria.»
Enviar um comentário