Há uns dias, o Público trazia este título.
Ao lado do título, a directora Barbara Reis, com um sorriso de plástico, explicava as mudanças, mas fiquei sem saber muito bem o que é que a directora quer dizer com aquele fazer um jornal para os leitores de hoje.
Acho bem que, volta e meia, os jornais mudem o seu aspecto gráfico, mas o que eu gostava mesmo era que o Público modificasse o jornalismo que, há largo tempo, vem praticando.
O Público tem vindo a perder compradores e, por arrasto, tem vindo a perder leitores, porque, mesmo emprestado, já não há pachorra para ler o que produzem.
Em 2008, o cidadão Belmiro de Azevedo, seu proprietário, disse que perdia 12.095,47 euros, por dia, com o Público.
Claro que o dinheiro é dele, mas não sei se alguma vez se perguntou do porquê.
O Público, quando apareceu, foi uma lufada de ar fresco, e em pouco tempo passou a ser o que os entendidos chamam jornal de referência.
Hoje, é mais que uma pálida sombra dos anos em que Vicente Jorge Silva foi o director.
Aos domingos, passar os olhos pela página do Provedor dos Leitores, provoca mal-estar.
As reclamações são mais que muitas, e recaem sobre os erros de gramática cometidos, por títulos a atirarem para o espalhafato e em que se verifica que o miolo do artigo não corresponde ao título, não joga com a perdigota, ignorâncias culturais de arrepiar, que mostram que o jornal no, quase, seu todo, é feito por estagiários e que há editores que nem sequer passam os olhos pelo que esses estagiários escrevem.
Os jornais deixaram de ser feitos por jornalistas e tornaram-se reféns de grupos económicos, de lobbies do que quer que seja, dos diversos governos que vão ocupando o poder, o jornalismo deixou de ser uma maneira de se viver completa e com fascinação, como Baptista-Bastos gosta de dizer.
O tempo em que se dizia que sem jornais não havia uma boa manhã, ou melhor: podia haver uma boa manhã, mas não seria uma manhã completa.
O Público amanhã pode aparecer de cara lavada, mas se não tratou dos interiores, de pouco adiantará o novo designer, principalmente se mantiver como comentadores, o João Carlos Espada (que até a um colaborador da casa, o Miguel Esteves Cardoso, consegue provocar pele de galinha), ou o seu ex-director José Manuel Fernandes que, a boa educação, obriga a não qualificar, ou continuar a não dar idêntico espaço às diversas correntes partidárias e de cidadania, só privilegiando quem muito bem entendem, e neste pormenor, os trabalhadores raramente estão contemplados.
Pode, na véspera de um qualquer dia, ter havido uma manifestação de protesto, juntando milhares de trabalhadores e demais cidadãos, mas, já aconteceu, e mais de uma vez, que, do acontecimento, nem uma fotografia, e uma simples legenda.
A ver vamos, como diz o cego.
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