quarta-feira, 21 de março de 2012

JANELA DO DIA


1.

O Governo deixou cair definitivamente o projecto do TGV após o Tribunal de Contas ter chumbado a concessão do troço Poceirão-Caia.

A empresa construtora Soares da Costa considera que tem direito a ser ressarcida da despesa de 264 milhões de euros feita no troço Poceirão-Caia.

2.

Mais de 175.000 pessoas aguardavam por uma cirurgia no final do ano passado.

Segundo dados revelados na Comissão Parlamentar de Saúde este número mostra o aumento de 14.000 inscritos por ano.

No final de Outubro do ano passado,1.821.722 utilizadores dos centros de saúde não tinham médico de família.

3.
           
O Estado vai assumir as responsabilidades com os processos judiciais contra o Banco Português de Negócios. Os pedidos de indemnização em curso contra o banco já ultrapassaram os 303 milhões de euros.
Esta transferência para o erário público dos custos ligados a riscos de litígio foi acordada entre o governo e o BIC no âmbito do processo de reprivatização do BPN.

4.

De acordo com a informação mensal publicada pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional, no final de Fevereiro encontravam-se inscritos nos centros de emprego do Continente e das Regiões Autónomas mais 92471 pessoas do que um ano antes.

Face a Janeiro, o número de desempregados aumentou em 10356 pessoas, mantendo-se assim a tendência de crescimento observada nos últimos meses.

5.

Vivemos no interior do medo. O medo deixou de ser um sentimento comum à condição para se transformar numa ideologia e numa arma política. A Inquisição e Salazar deixaram discípulos. Não conseguimos libertar-nos desta fatalidade histórica porque há quem limite as nossas forças e liquide as nossas esperanças. Por outro lado, aceitamos este fardo como um anátema. Reagimos escassamente mas não continuamos as acções contra a afronta.

O português comum, que sobrevive asfixiado entre o desemprego, o fisco, a multa, a humilhação, o vexame, a fome, a doença, a miséria, os impostos, as taxas moderadoras, a demolição do amor, o divórcio, a emigração, e outra vez a fome, a doença, a miséria, os impostos, esse português desorientado, desgraçado e triste sem remissão - que pode fazer ele?, que pode? Em cada um de nós reside a resposta sobre o compromisso com a honra e a recusa da servidão e da indignidade.

Da crónica de Baptista-Bastos no Diário de Notícias de hoje.

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