segunda-feira, 5 de março de 2012

O QU'É QUE VAI NO PIOLHO?



Se não tivesse sido assassinado, no dia 2 de Novembro de 1975, Pier Paolo Pasolini, faria hoje 90 anos.

Poeta, romancista, dramaturgo, cineasta, militante comunista, Pasolini é, no Século XX, uma figura tão importante, como controversa.

O corpo de Pasolini foi encontrado, pela polícia, numa praia italiana.

Um jovem delinquente de assumiu a responsabilidade da sua morte.

Ninguém se mostrou interessado em averiguar dos motivos que o levaram a cometer tão brutal acto, mas fortes indícios apontam para o facto de que não terá agido sozinho.


Não um brinde fúnebre, um molho de gencianas e fetos
Querem os seus ossos –
Não as suas cinzas –
Que continuam a inquietar, a consolar-nos
Enquanto esperamos na dúvida e felizes
Vinho e lume para o nosso olvido

(de um poema de Attilio Bettolucci, incluído em Amado Mio)

Em finais doas anos 60, no Cinema Monumental vi o Evangelho Segundo Mateus

Eugénio d’Andrade diz que pouco sabe de  Pasolini, mas naquele tempo eu não sabia nada sobre Pasolini.

Seriamente mutilado pela censura de Salazar, o filme mostrava um Cristo que pouco correspondia ao Cristo que a Igreja nos mostrava, que queria que víssemos.

Uma inquietude.

De Março a Junho de 2006, esteve patente na Cinemateca uma exposição de fotografias tiradas durante a rodagem de O Evangelho Segundo Mateus.

De novo uma estranha inquietação.


Legenda: capa do catálogo da exposição Pasolini e o Evangelho Segundo Mateus, Cinemateca Portuguesa, Março/Junho 2006

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