segunda-feira, 7 de janeiro de 2013
O DIA SEGUINTE
Como só meia-dúzia de amigos nos lêem, não houve reparos ao facto de não termos deixado, por aqui, votos de um Bom Ano.
Ainda houve quem pensasse nisso, mas não apareceram pernas para andar.
Agora que terminadas estão as festividades (?), voltamos á realidade.
Alguma vez deixou de estar presente?
Por um destes dias, José Pacheco Pereira escrevia no Público que em 2013 nada vai correr bem.
Tudo o que está suficiente será medíocre. Tudo o que está mau ficará pior. Pobreza, desemprego, economia, dívidas, falências, direitos, liberdades, garantias, corrupção, ataques à democracia.
Em 1945, Fernando Lopes Graça, convocou os melhores poetas portugueses, pediu-lhes poemas e compôs música para esses poemas.
Chamou-lhe as Canções Heróicas.
As Canções Heróicas foram proibidas durante a ditadura, e apenas pós 25 de Abril voltaram a ser editadas, mas nunca deixaram de ser cantadas.
Não foi em vão que um ministro de Salazar disse ser mais perigoso um mi bemol de Lopes Graça do que mil panfletos subversivos.
A cantora lírica Ana Maria Pinto, nas comemorações oficiais do último 5 de Outubro, depois de Cavaco Silva ter proferido o seu discurso, cantou Firmeza, poema de João José Cochofel, uma das tais Canções Heróicas de Lopes Graça.
Ana Maria Pinto explicou, então, aos jornalistas que foi uma forma de mostrar a sua discordância em relação ao rumo do país. A cantora lírica já tinha cantado Acordai à porta do Palácio de Belém no protesto que decorreu no dia do último Conselho de Estado.
Fica aqui o poema.
Diz tudo o que há para dizer, nos primeiros passos de um Novo Ano:
Sem frases de desânimo,
Nem complicações de alma,
Que o teu corpo agora fale,
Presente e seguro do que vale.
Pedra em que a vida se alicerça,
Argamassa e nervo,
Pega-lhe como um senhor
E nunca como um servo.
Não seja o travor das lágrimas
Capaz de embargar-te a voz;
Que a boca a sorrir não mate
Nos lábios o brado de combate.
Olha que a vida nos acena
Para além da luta.
Canta os sonhos com que esperas,
Que o espelho da vida nos escuta.
Etiquetas:
Fernando Lopes-Graça,
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João José Cochofel Poemas,
Natal
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