O Príncipe da Neblina
Carlos Ruiz Zafón
Tradução: Maria do Carmo Abreu
Capa: Lígia Pinto
Planeta Manuscrito, Lisboa Setembro 2011
Este Outono farei setenta e dois anos e, embora me reste o consolo de que não os aparento, cada um deles pesa-me como uma pedra às costas. A idade faz-nos ver certas coisas. Por exemplo, agora sei que a vida de um homem se divide em três períodos. No primeiro, nem sequer pensamos que envelheceremos, nem que o tempo passas, nem que, desde o primeiro dia, quando nascemos avançamos para um único fim. Passada a primeira juventude, começa o segundo período, onde nos apercebemos da fragilidade da própria vida e o que no princípio é uma simples inquietação vai crescendo no nosso íntimo como um mar de dúvidas e incertezas que nos acompanham durante o resto dos nossos dias. Por último, no fim da vida, abre-se o terceiro período, o da aceitação da realidade e, por consequência, da resignação e da espera. Ao longo da minha existência conheci muitas pessoas que ficaram ancoradas em qualquer desses períodos e nunca os conseguiram superar. É uma coisa terrível.
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