Em Maio de 1967, não tinha dinheiro nem para mandar cantar um cego.
Foi essa mera circunstãncia que me impediu, no dia 19 de Maio, uma sexta-feira, de assitir ao show de Sammy davis Jr. no Monumental.
Já não lembro quanto custava o bilhete mais barato, 3º balcão pois claro, mas não deu mesmo.
Segundo o José Duarte, em 1967 um ordenado razoável andava à volta de cinco mil escudos, a plateia custou-lhe quatrocentos e foi por isso, que uma vez sem exemplo, os bilhetes foram vendidos a prestações! Duas!
Por essa altura já tinha recebido guia de marcha para assentar praça no CISMI em Tavira, o que veio a acontecer a 10 de Julho.
Havia que guardar os tostões para as viagens que teria que fazer para vir passar o fim de semana a Lisboa – quase seis horas de viagem em camioneta, ainda sem auto-estradas.
Foi a única vez que Sammy Davis Jr. veio a Portugal.
A 16 de Maio de 1990, em Beverly Hills, morreu de cancro na garganta.
Esta é a página 61 de O Século Ilustrado de 13 de Maio de 1967, onde se fala desse espectáculo em que, ainda segundo José Duarte, Sammy exibiu a arte de fazer música com os pés.
A história de Sammy Davis é a história de um negro que triunfa nos Estados Unidos, De um negro ainda por cima judeu, e coxo e cego de um olho, que graças a um talento sem igual para o «music-hall. A história de Sammy Davis, esse dançarino-músico-actor-cantor que vem actuar na próxima semana a Lisboa. É a história de uma excpeção, e ele próprio a conta numa autobiografia que publicou recentemente – intitulada «Yes I Can», «Sim, eu posso».
Transcreviam-se alguns pedaços dessa autobiografia, possivelmente ditada, porque Sammy Davis era praticamente analfabeto.
Aproveito este pedaço, o dia em que Sammy conheceu Frank Sinatra, o dia em que ficaram íntimos amigos, novamente José Duarte, companheiros de tudo e mais alguma coisa.
Foi mais ou menos por essa altura que conheci Frank Sinatra. Conheci-o de uma maneira muito simples: estava nos estúdios com o meu pai quando um rapaz dos sesu vinte anos se chegou a nós dos seus vinte anos de mão estendida e nos disse:: «Viva! Sou Frank Sinatra. Canto com a orquestra de Dorssey.».
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