Nos tempos da televisão a preto e branco, João Villaret tinha, aos domingos, um programa em que, acompanhado ao piano pelo seu irmão Carlos Villaret, dizia poesia e contava histórias.
Foi aí que, pela primeira vez, ouvi contar a história das visitas que Fernando Pessoa fazia ao Sr. Abel.
Na wikipédia, Luis Pedro Moitinho de Almeida lembra essa história:
Era comum Fernando Pessoa, enquanto se encontrava a trabalhar, muito provavelmente a escrever à máquina, levantar-se, pegar no chapéu, ajeitar os óculos e ir até ao “Abel”. Esta simples acção de Pessoa, que se tornou um hábito, intrigou um colega de trabalho do poeta, Luiz Pedro Moitinho de Almeida (segundo Fernando Pessoa - Empregado de Escritório, do João Rui de Sousa). Esse mesmo colega apercebeu-se, algum tempo depois, que as idas ao “Abel” eram, nada mais, nada menos, que uma ida ao depósito mais próximo da casa Abel Pereira da Fonseca para tomar um cálice de aguardente. Certo dia, foram tantas as idas ao “Abel”, que Luiz de Almeida, aquando do retorno de Fernando Pessoa ao escritório, disse-lhe: “Você aguenta como uma esponja!”. Ao qual o poeta respondeu, com o seu sentido de humor: “Como uma esponja? Como uma loja de esponjas, com armazém anexo”.
2 comentários:
Este episódio da vida de Fernando Pessoa é curioso! Sabe indicar-me se este armazém do Abel Pereira da Fonseca era o do Poço do Bispo ou Fernando Pessoa dirigia-se, na realidade, a uma loja na Baixa Lisboeta?
A Sociedade Comercial Abel Pereira da Fonseca, com sede no Poço do Bispo, tinha, espalhadas pelos bairros de Lisboa, diversas lojas de venda dos seus produtos.
Alguns dos escritórios onde Fernando Pessoa trabalhou situavam-se na baixa lisboeta.
A loja, onde Fernando Pessoa surge a beber um copo de vinho ou aguardente, sempre ouvi dizer que seria a loja do «Vale do Rio» que se situava frente ao «Animatógrafo do Rossio» na Rua do Arco Bandeira, mas deste pormenor nunca encontrei confirmação.
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