Sou barco abandonado
Na praia ao pé do mar
E os pensamentos são
Meninos a brincar.
Ei-lo que salta bravo
E a onda verde-escura
Desfaz-se em trigo
De raiva e amargura.
Ouço o fragor da vaga
Sempre a bater no fundo,
Escrevo, leio, penso,
Passeio neste mundo
De seis passos
E o mar a bater ao fundo.
Agora é todo azul,
Com barras de cinzento,
E logo é verde, verde,
Seu brando chamamento.
Ó mar, venha a onde forte
Por cima do areal
E os barcos abandonados
Voltarão a Portugal.
Poema de António Borges Coelho
Música de Luís Cília
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