sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013
KAÚLZA E O PSEUDO MASSACRE
Em 1992, numa entrevista ao Dia, confrontado com o massacre de Wiryamu, Kaúlza de Arriaga, que na altura era comandante-chefe das Forças Armadas em Moçambique, afirmou que o massacre não passara de uma invenção, um «pseudo massacre».
O grave disto tudo é que os erros e os enganos, e as falsidades são feitos com a intenção de envolver pessoas que nada têm a ver com o caso num escndalo, num crime de genocídio. A ideia é essa. São, portanto, mentiras dolosas, de má-fé.
Foram feitos três inquéritos, dois dos quais da iniciativa de Kaúlza de Arriaga e todos chegaram à mesma conclusão: não há matéria criminal em Wiriyamu.
Na citada entrevista, Kaúlza lembra que «quando chegou o primeiro relatório, este terminava por dizer que realmente houve coisas em Wiriyamu» mas logo adianta que «em mais de dez mil operações realizadas em três anos, chegaram ao conhecimento do comandante-chefe apenas uns 20 casos de rumores e desmandos das tropas. E, desses, só três ou quatro foram enviados para tribunal».
Lídia Jorge, numa entrevista aquando da publicação do seu livro A Costa dos Murmúrios:
Nós não fomos os anjos por que queremos passar. Na altura, eu era professora de um liceu da Beira. Certa vez, um aluno disse-me que todas as pessoas da aldeia dele tinham morrido, que ele já não tinha família. Acho que os portugueses têm um problema: não querem confrontar-se com o próprio rosto. Nós somos a nossa própria forma, somos pessoas com o seu lado racista. E fomos colonialistas. O que não queremos é entender isso. Nós fomos violentos na guerra colonial.
Legenda. fotografia tirada do Expresso de 16 de Março de 1991.
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