sábado, 25 de abril de 2015

AO CAIR DAQUELA TARDE DE ABRIL


Rua António Maria Cardoso em Lisboa.

Hoje, este edifício

é um condomínio de luxo.

Outrora, foi a sede da sinistra PIDE.

Já tinha sido, de 1933 a 1945, da Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE).

Em 1969, tempos da dita «primavera marcelista», passou a chamar-se DGS, mas a mudança apenas aconteceu no nome.

Continuaram a perseguir, a prender, a espancar, a torturar, a assassinar.

No findar da tarde de 25 de Abril de 1974, das janelas da sede, os pides abriram fogo sobre os populares que aguardavam a sua rendição.

Quatro mortos, dezenas de feridos.

Também a morte de um pide, quando em fuga, foi atingido pelos militares.

Lembrança de José-Augusto França nas suas Memórias para o Ano 2000:

Na sua sede, na António Maria Cardoso, a Pide, cercava, atirava da janela sobre a multidão, por raiva e pânico, matando quatro pessoas e nunca foram identificados os assassinos, orém fáceis de achar, entre os da casa que, sem dúvida, os teriam denunciado  e foram ocupando o forçado recolhimento a destruir os arquivos da corporação, bens do Estado não só Novo - do que foram curiosamente desculpados.


No tal edifício de luxo, a placa que assinala a morte desses populares.


Título de O Primeiro de Janeiro, de 16 de Janeiro de 1971, resultante de uma
discussão na Assembleia Nacional, sobre o modo como os presos políticos eram tratados nas prisões da ditadura.

Dias antes, os deputados da ala liberal, Sá Carneiro e Pinto Balsemão, tinham-se deslocado às prisões e confirmaram as queixas que os familiares dos presos políticos lhes tinham dirigido.


Texto publicado no Diário de Lisboa de 18 de Maio de 1974:

Sem comentários: