sexta-feira, 17 de abril de 2015

OS IDOS DE ABRIL DE 1975


17 de Abril de 1975

SAI o PRIMEIRO número do Jornal Novo.

Dirigido pelo cronista, dramaturgo e romancista Artur Portela Filho que, antes e depois do 25 de Abril, manteve uma coluna no República intitulada A Funda.

O chefe de redacção é José Sasportes e, como redactores, aparecem Carlos Ventura Martins, Mário Mesquita, José Manuel Barroso, Diogo Pires Aurélio, António Ribeiro, Maria Guiomar, Carlos Pinto Coelho, António Mega Ferreira, Cândido de Azevedo, Mário Bettencourt Resendes, Wilton Fonseca, Jorge Leitão Ramos, sendo colaboradores Eduardo Lourenço, Fernando Piteira santos, José-Augusto França, Marcelo Rebelo de Sousa, Mário Sottomayor Cardia, Vergílio Ferreira, Vital Moreira, Vitor Constâcio e Vitorino Magalhães Godinho.

Este é o anúncio que, a partir de Março, começou a aparecer em jornais e revistas, lançando um jornal necessário, na medida em que os portugueses, principalmente sobre política nacional, não estavam devidamente informados.

Criado para combater aquilo a que determinados sectores chamavam gonçalvismo, foi perdendo espaço à medida que a acalmia se ia instalando no país.

O último número do Jornal Novo saíu no dia 29 de Setembro de 1979.

Foram também seus directores Proença de Carvalho, Helena Roseta, Torquato da Luz

Anos mais tarde, Artur Portela Filho explicou como nasceu o Jornal Novo:

Trabalhava na altura numa agência de publicidade que tinha como cliente a CIP, dirigida por Vasco Mello, Morais Cabral e Carlos Robalo. Sugeri-lhes que se criasse um diário, diário porque os acontecimentos sucediam-se em catadupa, que defendesse uma democracia de tipo ocidental para o país. Mostraram interesse. Convidei o historiador Vitorino Magalhães Godinho para director mas surgiram problemas. Depois contactei o Eduardo Lourenço, que não tinha disponibilidade. Eu próprio assumi o cargo. O José Sasportes era o chefe de redação, o Francisco Agarez o director da publicidade, o Luís Duran o autor do grafismo. Saímos sem dinheiro, sem estrutura. A administração não deu os apoios de que necessitávamos. O projecto, a estrutura eram inovadores. A ideologia seguida, socialista e independente, provocou desde logo atritos com a administração. Entrámos em ruptura quando não apoiámos a ilegalização do PCP proposta pela direita após o 25 de Novembro. Fui despedido. O Sasportes e outros solidarizaram-se comigo e saíram.

Cumprindo o seu papel o Jornal Novo, estava em funções o V Governo Provisório chefiado por Vasco Gonçalves, é o primeiro órgão de comunicação a publicar o Documento do Grupo dos Nove que visava defender a pureza do MFA.
Em pleno Verão Quente, os partidários de Mário Soares já tinham lançado a palavra de ordem: O Povo NÃO está com o MFA.
Não tardaria muito que Novembro entrasse pelos quartéis dentro.

O DECRETO-LEI nº 210-A/75 institui o dia 25 de Abril como feriado nacional tório e substitui o 10 de Junho como o Dia de Portugal.

Fontes:
- Acervo pessoal;
Os Dias Loucos do PREC de Adelino Gomes e José Pedro Castanheira.


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