Poemas de Ponta & Mola
Mendes de
Carvalho
Editorial
Futura, Lisboa, Abril de 1975
POEMA DE ABRIL
No silêncio da noite
a palavra
(a)guardada
No silêncio da noite
a palavra
libertada
No silêncio da noite
transmitida
a palavra
No meu país cinzento
no meu país sofrido
mártir
prisioneiro
e atraiçoado
a palavra alastra
e voa
a tua palavra
meu povo
penitente
sem pecado
tinhas um cravo de sangue
um cravo de medo
um cravo de morte
um cravo de sal
cravo de terror
cravo de caxias
cravo de peniche
e tarrafal
Na manhã de Abril
um cravo encarnado
nasce no peito
aberto
dum soldado
Na cidade na aldeia
nas praças nas ruas
irrompe liberta
uma flor de força
e de combate
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