sexta-feira, 10 de abril de 2015

OS IDOS DE ABRIL DE 1975


10 de Abril de 1975

O DIÁRIO DE LISBOA publica na íntegra o Pacto proposto aos partidos pelo MFA.
O primeiro-ministro Vasco Gonçalves sobre o PACTO MFA-PARTIDOS:
Não poderíamos perder por via eleitoral o que tanto tem custado a ganhar ao povo português.

PROSSEGUE a campanha eleitoral.
Rosa Coutinho ao semanário Expresso:
As eleições não vão representar realmente a vontade do povo, porque ele, coitado, ainda não tem realmente o poder de análise. Nós não fizemos uma revolução para que numa parvoíce eleitoral percamos, de um momento para o outro, todos os ganhos alcançados.
Apela-se ao voto em branco como um voto no MFA.
O historiador César Oliveira, um dos principais dinamizadores do Voto em Branco, reconhecerá, mais tarde, no seu livro Anos Decisivos, o clamoroso erro político.
Basicamente decorria do facto de considerar que o MFA poderia desempenhar um papel de «produtor político», isto é poderia ter capacidade para elaborar uma ideologia, uma estratégia e um programas políticos, capazes de congregar toda a esquerda e retirar, da esfera de influência das forças conservadoras e de direita sectores sociais importantes. Tal erro foi terá apelado ao voto em branco, identificando tal voto a um voto no MFA, entendido como estrutura eventualmente imune à interferências dos partidos políticos, Foi um erro político grave, de que nenhum outro membro do grupo dos Ex-MES poderá ser responsabilizado e que partiu seja do facto de não ter considerado vários factores importantes, seja da intenção de evitar um resultado favorável ao MDP/CDE.
Assim ignorei, em primeiro lugar, o desejo intenso, sentido por toda a população, de participar no acto eleitoral, o primeiro do novo Portugal, escolhendo o partido da sua preferência, fazendo nas urnas eleitorais uma escolha e uma opção que nunca livremente pudera fazer, em segundo lugar, que o MFA não poderia nunca ser imune às contradições, clivagens e dinâmica político-partidária existentes na sociedade portuguesa, pois ele era, exactamente um movimento de natureza político-militar emergente da própria sociedade.

JOSÉ SARAMAGO toma posse do cargo de director adjunto do Diário de Notícias, um diário que, disse tem condições para se «o jornal desejável e desejado», e onde se criticará, a actuação do Governo.
O lugar de director é ocupado por Luís Barros.

Fontes:
- Acervo pessoal;
Os Dias Loucos do PREC de Adelino Gomes e José Pedro Castanheira.
- Os AnosDecisivos de César Oliveira.

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