Uma gravação de Mahalia é sempre igual a outra
gravação de Mahalia: a mesma voz, o mesmo poder, nada de afectividades, grande
potência e convicção, o grito bem gritado, o fervor religioso, a simplicidade
de processos, um piano ou um órgão ou os dois ou nada, a dificuldade da obra
perfeita criada com espectacular naturalidade.
Mahalia foi a vedeta mais antivedeta que a História da
música afro-norte-africana conheceu. Primeiro, negou-se a cantar em público,
salvo na igreja, para os fiéis praticantes lá da sua terra. Depois, recusou-se
a cantar em espectáculos, que este tipo de música não era para ser exibida, mas
para ser apreciada e para agitar os crentes, lá na igreja do seu bairro. Por
fim (para trás Satanás!), não quis gravar em disco o que quer que fosse, porque
música religiosa, com letras vindas directamente da Bíblia, só devia chegar aos
seus irmãos de raça e fé.
Claro que Mahalia perdeu.
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