Tenho saudades de mim, quando não fui.
De cisas que sonhei, como se foram.
De passos do ser que, nunca vividos, rememoro.
Imagens construídas nos ocultos
Desvãos do incumprido
Um passado que foi crescendo sem raízes.
Uma árvore irreal, um cantar mudo.
Quando-não-fui sobrevive
- sempre adiada forma por achar.
É uma coisa que está – nem foi, nem é.
Que nunca será – uma coisa a que falta
nos verbos o tempo capaz de o dizer.
Dezembro de 1961
Adolfo Casais
Monteiro
(Cortado pela
Censura em 28/8/64 e recordado na Vértice nº 364, Maio de 1974).
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