Em Julho de
2007, Alexandra Lucas Coelho fez a Vitor Silva Tavares, uma importante e lindíssima
entrevista, enternecedora mesmo. Está lá tudo.
Chamou-lhe Resistência
é a Palavra,
A entrevista foi
publicada no Público de 7 de Julho e, mais tarde, incluída no volume & etc uma Editora no Subterrâneo.
Iremos
acompanhar alguns excertos da entrevista e, naturalmente, começamos pela
abertura:
É lisboeta
“pardal”, de palmilhar a cidade a pé. Foi miúdo descalço na Madragoa, uma
pobreza de se pôr o relógio no prego para haver sopa de hortaliça numa casa com
13 pessoas. É nessa casa que continua a viver, e o relógio ainda lá está.
Entre o prego e 2007, as aventuras dão para uma conversa que não acaba, a que
ele vai tendo com os próximos, sem pensar em escrever memórias. A sua escola de
jornalismo, muito antes do “Diário de Lisboa”, é a do “Intransigente”, de
Benguela, onde também foi inspector de cartas de condução sem saber conduzir e
mudou os nomes todas da cidade numa noite de subversão, o que lhe valeu ter um
agente da PIDE à perna, de seu nome Delgado.
Partiu de Angola em risco de ser preso, deixando um 45 rotações de Mahalia Jackson a um contratado do interior que o levou para onde nunca mais terá sido ouvido.
De volta a Lisboa, distribuiu colaborações pelos jornais enquanto, ateu dos quatro costados, pintava Cristos que um “manager” vendia a conventos. Não sabe por onde andará essa extensa obra pictórica.
Depois convidaram-no a dirigir a editora Ulisseia, onde começou a publicar surrealistas portugueses, “nouveau roman” francês e obra de muita indignação para a censura. Os livros eram apreendidos, mas aparentemente a Ulisseia era mesmo para dar prejuízo ao dono, a Abel Pereira da Fonseca.
Gosta de coisas tão antigas como letras de tipografia e histórias a circular pela boca. De fazer coisas porque apetece, e porque tem de ser, e porque é assim. A porta aberta é para entrar e para sair, o importante é que esteja aberta.
Naetc não há lucros e há livros quando houver. Tem havido regularmente, e cá estão eles a toda a volta deste subterrâneo com pátio de azulejo antigo e escadinha de ferro, ali onde o Bairro Alto cola com a Bica, muito lisboeta.
Partiu de Angola em risco de ser preso, deixando um 45 rotações de Mahalia Jackson a um contratado do interior que o levou para onde nunca mais terá sido ouvido.
De volta a Lisboa, distribuiu colaborações pelos jornais enquanto, ateu dos quatro costados, pintava Cristos que um “manager” vendia a conventos. Não sabe por onde andará essa extensa obra pictórica.
Depois convidaram-no a dirigir a editora Ulisseia, onde começou a publicar surrealistas portugueses, “nouveau roman” francês e obra de muita indignação para a censura. Os livros eram apreendidos, mas aparentemente a Ulisseia era mesmo para dar prejuízo ao dono, a Abel Pereira da Fonseca.
Gosta de coisas tão antigas como letras de tipografia e histórias a circular pela boca. De fazer coisas porque apetece, e porque tem de ser, e porque é assim. A porta aberta é para entrar e para sair, o importante é que esteja aberta.
Naetc não há lucros e há livros quando houver. Tem havido regularmente, e cá estão eles a toda a volta deste subterrâneo com pátio de azulejo antigo e escadinha de ferro, ali onde o Bairro Alto cola com a Bica, muito lisboeta.
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