terça-feira, 1 de dezembro de 2015

OS IDOS DE DEZEMBRO DE 1975


1 de Dezembro de 1975

Em Lisboa, os jornais estatizados voltaram às bancas, assim como o Expresso.

Todos fazem a descrição possível de que foram os últimos cinco dias.

O momento do findar dos sonhos do 25 de Abril.

Perceber se houve traição.

Quem traíu e como o fizeram.

Um dia se fará a História.

José Gomes Ferreira no seu livro A Intervenção Sonâmbula:

Que bom! continuar  a embalar medrosamente sonhos, considerando-os irrelializáveis, difíceis e impossíveis, apesar de estarmos tão próximos… tão próximos do futuro que bastaria um passo… Um passo apenas… sem abismos… Somente um passo…
(Eu sou pelo passo.)

Do livro Portugal Depois de Abril de Avelino Rodrigues, Cesário Borga, Mário Cardoso):

Em Portugal depois de Abril, as armas dos revolucionários só servem para meter medo, para dissuadir, quando muito para defender, nunca para atacar. O RALIS tinha material pesado e ligeiro capaz de defender a cidade: os “fuzos” tinham dois mil homens que “arrumariam” todos os comandos; os “paras” tinham reflexos para uma vontade de vinte mil tiros por minuto. Beirolas tinha “G3” que chegavam para uma manifestação. Mas tudo isto era para defender a Revolução, nunca para atacar outros camaradas fardados, mesmo dirigidos por reaccionários. Por isso os militares do COPCON pensavam em planos defensivos para um possível ataque reaccionário, mas nunca por nunca estavam preparados para o ataque.

Perguntava Adelino Gomes no Público de 26 de Novembro de 2000:

Quem desencadeou o 25 de Novembro? Quem deu ordem aos páras para ocuparem quatro bases aéreas? Otelo traíu os seus homens ou evitou a Guerra Civil? O PCP de que lado(s) esteve? Até onde chegavam as ligações aos MDLP? Quantos grupos funcionaram dentro do Grupo dos Nove? Qual foi a mais decisiva: a Região Militar do Norte (MN) ou a Região Militar de Lisboa (RML)?; o Posto Avançado da Amadora, comandado pelo então tenente-coronel Ramalho Eanes, ou o Posto de Comando Principal, montado em Belém, e onde ficaram o Presidente Costa Gomes e o comandante da RML e Conselheuro da Revolução, vasco Lourenço? Quantos 25 de Novembro houve naquele dia?
O 25 de Novembro existiu?

Numa entrevista, de há alguns meses, Isabel do Carmo, ao tempo militante do PRP-BR, disse que conhecia muita gente que nunca se recompôs do 25 de Novembro.

Fontes:
- Acervo pessoal.
Intervenção Sonâmbula de José Gomes Ferreira

Legenda: alguns dos vencedores do 25 de Novembro em casa de José Gomes Mota, um ano depois do 25 de Novembro. Conforme narrou no seu livro A Resistência, foi em sua casa que se estabeleceu o estado-maior do Grupo dos Nove até se chegar a 25 de Novembro.
Reconhecem-se, entre outros, Costa Brás, Ramalho Eanes, Vasco Lourenço, Vitor Alves, Sousa e Castro, o próprio Gomes Mota.
Melo Antunes não está presente. 

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