Nas conversas
que José Saramago manteve com Carlos Reis,
fala de um seu livro que nunca foi publicado e que se seguiu à “Terra do
Pecado”:
“Escrevi esse livro que se chama “A Clarabóia” e é um romance.
É a história de um prédio com seis inquilinos sucessivamente envolvidos num
enredo. Acho que o livro não está mal construído. Enfim, é um livro também
ingénuo, mas que, tanto quanto me recordo, tem coisas que já têm que ver com o
meu modo de ser.
O livro foi enviado para um editor, para o Diário de Notícias, por lá
ficou quarenta anos, até que um dia recebo uma carta dizendo: “Foi encontrado,
na reorganização dos nossos arquivos, o original do seu livro, etc., etc.” E
então diziam logo: “se quiser publicar, nós publicamos.” Fui lá, à Empresa
Nacional de Publicidade, e saquei o livro que está aí.
Agora, a
história de seis famílias que habitam um prédio de Lisboa e vivem sob a nuvem
do Salazarismo, ganha uma adaptação pelas mãos do grupo de teatro A Barraca.
Num trabalho de adaptação de Maria do Céu Guerra e João Paulo Guerra.
A peça estreia
no dia 10 de Dezembro, data em que se comemora o 17.º aniversário da entrega do
Prémio Nobel de Literatura a José Saramago.
Ficha Artística
e Técnica
Texto: José
Saramago
Adaptação do
Texto: João Paulo Guerra
Dramaturgia:
Maria do Céu Guerra e João Paulo Guerra
Encenação: Maria
do Céu Guerra
Cenografia e
Coordenação de Guarda Roupa: José Manuel Costa Reis
Banda sonora:
João Paulo Guerra
Assistência
Geral do espectáculo: Adérito Lopes e Sérgio Moras
Apoio à Direcção
de Actores: Lucinda Loureiro
Sonoplastia:
Ricardo Santos
Iluminação:
Paulo Vargues
Relações
Públicas e Produção: Paula Coelho, Inês Costa
Cartaz/ Design
Gráfico: Arnaldo Costeira
Fotografias: MEF
– Luís Rocha
Maria do Céu
Guerra sobre a adaptação da obra de Saramago:
A Barraca tem no
seu historial inúmeras obras de ficção transformadas em escrita dramática, a
partir das quais se produziram inesquecíveis espectáculos. É aliás esta uma das
suas principais vocações. Viagens de Gulliver, de Swifft, O Diabinho da mão
furada, de António José da Silva, Peregrinação, de Fernão Mendes Pinto, A
Relíquia, de Eça de Queiroz, Gente da Terceira Classe, de José Rodrigues
Miguéis, Os Emigrantes, de Ferreira de Castro, A Balada do Café Triste, de
Carson McCullers, são apenas algumas dessas obras.
Neste sentido, A
Claraboia, de José Saramago, constitui para A Barraca um desafio enorme. São
dezassete personagens distribuídas em seis apartamentos num bairro de gente
"remediada" na Lisboa dos anos 50. As suas necessidades, aspirações,
quezílias, transgressões, mentiras são a principal matéria/desafio para um
grande espectáculo de Teatro a acontecer. Tudo encerrado num espaço onde a
ausência de amor é a parede mestra de cada casa e onde o fascismo à portuguesa,
é vivido até ao mínimo pormenor com a policia à espreita dentro de cada um.
O entusiasmo de
A Barraca e a anuência da Fundação José Saramago levaram-nos a tentar dar cumprimento
ao nosso sonho e programarmos este espectáculo para o segundo semestre de 2015.
Temos a certeza
que este espectáculo honrará as instituições culturais envolvidas e não menos o
seu autor.
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