sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

SARAMAGUEANDO


Nas conversas que José Saramago manteve com Carlos Reis, fala de um seu livro que nunca foi publicado e que se seguiu à “Terra do Pecado”:

“Escrevi esse livro que se chama “A Clarabóia” e é um romance. É a história de um prédio com seis inquilinos sucessivamente envolvidos num enredo. Acho que o livro não está mal construído. Enfim, é um livro também ingénuo, mas que, tanto quanto me recordo, tem coisas que já têm que ver com o meu modo de ser.

O livro foi enviado para um editor, para o Diário de Notícias, por lá ficou quarenta anos, até que um dia recebo uma carta dizendo: “Foi encontrado, na reorganização dos nossos arquivos, o original do seu livro, etc., etc.” E então diziam logo: “se quiser publicar, nós publicamos.” Fui lá, à Empresa Nacional de Publicidade, e saquei o livro que está aí.

Agora, a história de seis famílias que habitam um prédio de Lisboa e vivem sob a nuvem do Salazarismo, ganha uma adaptação pelas mãos do grupo de teatro A Barraca. Num trabalho de adaptação de Maria do Céu Guerra e João Paulo Guerra.

A peça estreia no dia 10 de Dezembro, data em que se comemora o 17.º aniversário da entrega do Prémio Nobel de Literatura a José Saramago. 

Ficha Artística e Técnica
Texto: José Saramago
Adaptação do Texto: João Paulo Guerra
Dramaturgia: Maria do Céu Guerra e João Paulo Guerra
Encenação: Maria do Céu Guerra
Cenografia e Coordenação de Guarda Roupa: José Manuel Costa Reis
Banda sonora: João Paulo Guerra
Assistência Geral do espectáculo: Adérito Lopes e Sérgio Moras
Apoio à Direcção de Actores: Lucinda Loureiro
Sonoplastia: Ricardo Santos
Iluminação: Paulo Vargues
Relações Públicas e Produção: Paula Coelho, Inês Costa
Cartaz/ Design Gráfico: Arnaldo Costeira
Fotografias: MEF – Luís Rocha


Maria do Céu Guerra sobre a adaptação da obra de Saramago:

A Barraca tem no seu historial inúmeras obras de ficção transformadas em escrita dramática, a partir das quais se produziram inesquecíveis espectáculos. É aliás esta uma das suas principais vocações. Viagens de Gulliver, de Swifft, O Diabinho da mão furada, de António José da Silva, Peregrinação, de Fernão Mendes Pinto, A Relíquia, de Eça de Queiroz, Gente da Terceira Classe, de José Rodrigues Miguéis, Os Emigrantes, de Ferreira de Castro, A Balada do Café Triste, de Carson McCullers, são apenas algumas dessas obras.
 Neste sentido, A Claraboia, de José Saramago, constitui para A Barraca um desafio enorme. São dezassete personagens distribuídas em seis apartamentos num bairro de gente "remediada" na Lisboa dos anos 50. As suas necessidades, aspirações, quezílias, transgressões, mentiras são a principal matéria/desafio para um grande espectáculo de Teatro a acontecer. Tudo encerrado num espaço onde a ausência de amor é a parede mestra de cada casa e onde o fascismo à portuguesa, é vivido até ao mínimo pormenor com a policia à espreita dentro de cada um.
 O entusiasmo de A Barraca e a anuência da Fundação José Saramago levaram-nos a tentar dar cumprimento ao nosso sonho e programarmos este espectáculo para o segundo semestre de 2015.
 Temos a certeza que este espectáculo honrará as instituições culturais envolvidas e não menos o seu autor.

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