O Lugar das Fitas
Dinis Machado
Edição: Marta
Navarro
Capa e vinhetas:
Rui Rodrigues
Quetzal, Lisboa,
Fevereiro de 2016
Dirá o leitor que o diálogo acciona uma certa
linguagem motora exagerada. Mas não andamos longe da nevralgia, se me permite
alguma caricatura. Esta questão do tabaco sempre me deu que pensar, incluindo a
radical filosofia do Neco Primavera, que ostentava no seu curriculum (além do
facto de ter ganhado a aposta de beber a água de dez igrejas de Lisboa num só
dia, percorrendo a cidade de púcaro na mão) a habilidade e o método de fumar
seis maços de cigarros em cada vinte e quatro horas, batendo o recorde olímpico
que ia do Largo de São Roque à Rua dos Correeiros. Quando lhe perguntei porque
fumava tanto, o Neco fez olhos espantados:
- Fazes o favor, dizes-me o que é que eu faço às mãos e à boca, quando não estou a mexer na Conceição, a comer bacalhau com batatas ou a chupar rebuçados do Dr. Centazzi? Fazes favor, dizes-me?
- Fazes o favor, dizes-me o que é que eu faço às mãos e à boca, quando não estou a mexer na Conceição, a comer bacalhau com batatas ou a chupar rebuçados do Dr. Centazzi? Fazes favor, dizes-me?
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