sexta-feira, 29 de abril de 2016

OLHAR AS CAPAS


Desconhecido Nesta Morada

Kathrine Kressmann Taylor
Capa: Rogério Petinga sobre foto da revista de propaganda nazi Signa, 1933
Tradução. José Lima
Gótica, Lisboa, Fevereiro de 2002

Max, meu velho amigo,

Por amor de Deus, Max, Sabes o que estás a fazer? Vou ter de tentar enviar esta carta clandestinamente através de um americano que encontrei aqui. É um apelo que te faço com um desespero que não poderás imaginar. Que loucura aquele cabograma! E estas cartas que mandaste. Fui convocado por causa delas. As cartas não foram entregues, mas eles mostraram-mas e exigem-me que lhes dê o código. Qual código? E como podes tu. Um amigo de há tantos anos, fazer-me uma coisa destas?
Será que não Vês, será que fazes alguma ideia de que me estás a destruir? Os resultados da tua loucura são já tremendos. Disseram-me declaradamente que tinha de me demitir do meu cargo. O Heinrich já não está na Mocidade Hitleriana. Disseram-lhe que não fazia bem à saúde. Santo Deus, Max, sabes o que isso significa? E a Elsa, a quem não ouso contar nada, volta para casa estupefacta por ver que as pessoas importantes recusam os convites que lhes manda e o Barão Von Freische não lhe dirige a palavra quando a encontra na rua.
Sim, claro que sei porque fazes isto. Mas será que  não compreendes que não podia fazer nada? Nem sequer ousei tentar. Peço-te, não por mim, mas pela Elsa e pelos rapazes – pensa no que será deles se eu for levado para um campo de concentração? Será que és capaz de me encostar a uma parede e apontar-me uma arma? Peço-te que páres. Pára imediatamente, enquanto nem tudo foi ainda destruído, Temo pela minha vida, pela minha vida, Max.
És mesmo tu quem faz isto? Não pode ser. Amei-te como a um irmão, meu velho Max. Por amor de Deus, será que não tens piedade’ Peço-te, Max, basta, basta! Pára enquanto posso ainda ser salvo. É com o meu coração cheio da antiga afeição que to peço.


Martin

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