Encontrei no
Baú este número da Flama de 28 de Agosto de 1964.
Guardada por
causa do artigo sobre os Beatles.
Lidos hoje,
artigo e depoimentos, dão vontade de rir.
O artigo não
foge daquela velha ideia encontrada, então, para denegrir os rapazes de
Liverpool: cabelos compridos, ideias curtas.
Um exemplo
da prosa:
Liverpool, como as grandes cidades
industriais de Inglaterra, é escura, violenta, taciturna. Pequeno império da
delinquência juvenil, com os seus «rocks» e os seus «mods», é um verdadeiro
problema para a tradicional austeridade britânica.
Mais um
exemplo:
Este género de acontecimentos deve mais para
além do umbral da nossa racionalidade adulta, porque a verdade é que não
compreendemos o que se passa com esses rapazes e raparigas tão excitados! Muito
boa gente considera os «Beatles» uma invasão de perversidade e decadência
exportada pelo velho mundo: uma ameaça para a tranquila adolescência que
cultiva o respeito e a dedicação; um convite de ascensão à alta delinquência
juvenil».
Em
complemento ao artigo, publicavam-se alguns depoimentos.
Escolhi quatro
e acho o da então estudante liceal Maria Beatriz, uma delícia: ao conjunto
português de Gonçalo Lucena faltou uma afinada máquina publicitária.
Mas quem era o Gonçalo Lucena?
Tudo isto é prosa rançosa, mas era o que havia.
O espantos dos espantos é que os Beatles, apesar destas tristes letras e opiniões, outras terão existido, conseguiram romper as trevas portuguesas e tornaram-se no fenómeno que tantas alegrias deu.
Já que de Beatles falei, tempo de deixar escrito que nunca me recompus com a separação daqueles rapazes.
Ficou sempre a faltar qualquer coisa...
Já que de Beatles falei, tempo de deixar escrito que nunca me recompus com a separação daqueles rapazes.
Ficou sempre a faltar qualquer coisa...
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