Houve azar e os 31 anos do CR7, que já não é
o mesmo dos 30. Mas um jogo desgraçado não pode morrer solteiro. Eis o culpado:
Fernando Santos. No túnel, ele não viu o caixa de óculos. Quando este rapazito
soube que lhe cabia o CR7 para dar a mão ao entrar no relvado, puxou-lhe os
calções para chamar a atenção, fez sinal de dois golos com os dedos e agarrou
na mão do ídolo porque ela era dele, ponto. Futebol: vontade e sonho. Não culpo
Santos por não ter visto o miúdo, tinha a cabeça algures, não para aturar garotos.
Mas suspeito que ele não entenderia o fascínio que animava o caixa de óculos
mesmo se o tivesse visto. A cabeça teimosa de Santos é de engenheiro, não
chefe, como Júlio César, que dizia "prefiro ser o primeiro numa pequena
aldeia dos Alpes do que o segundo em Roma". Sendo um país secundário do
futebol, essa frase devia ser a nossa, de todos, se tivéssemos chefe. Se já
fomos segundo e terceiro em competições internacionais, a ambição de um líder
(e nossa), neste Euro, seria apostar no milagre. Ora, para ousadias simples
(pôr o trio óbvio de ataque), Santos ainda se deixa empurrar. Mas quando,
ontem, por causa do azar e apesar do empenho, era necessário turbinar o
meio-campo (Renato Sanches), o engenheiro sacou da calculadora e fez-se
prudente: 1 ponto mais 1 dá 2, com a vitória no último jogo dá para passar...
Então, substituiu tarde e pouco. Miudinho, o engenheiro não viu a grandeza do
miúdo caixa de óculos.
Ferreira
Fernandes no Diário de Notícias
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