È uma das
muitas modernices que, volta e meia, aparecem pelo pedaço.
Dizem: Oh patego! Olha o balão!...
E eles olham
repletos de felicidade.
Na Rua
Augusta, abriram um espaço e chamaram-lhe Casa
Portuguesa do Pastel de Bacalhau.
Seria uma
boa aposta se apenas tratassem de pastéis de bacalhau e outros petiscos.
Não.
Pegando em
duas tradições de peso, o pastel de bacalhau e o queijo da serra, uniram-nas e
saíu pastel de bacalhau recheado com queijo da serra.
Quando li,
arrepiei-me.
Ná! Nessa não
me apanham.
Acontece que
o meu vizinho Pepe trouxe-nos uns exemplares para degustação.
Lá teve que
ser.
Sem ponta
por onde lhe pegar.
Um pastel
enorme, com a capa demasiado lisa o que significa, de imediato, que tem mais
batata do que bacalhau.
O sabor que mais
ressalta é o do pastel, o queijo fica a escorrer pelos dedos, com todos os tiques de ser de «fábrica.»
Maria de
Lurdes Modesto chamou-lhe uma obscenidade a roçar a pornografia.
Completamente
de acordo.
Pornográfico
é também o preço: 3,45 euros cada exemplar.
Os «chefs»
andam a dar cabo da nossa cozinha tradicional.
Claro que há
pategos-novo-riquismo que os acham a maravilha das maravilhas.
No fundo,
gente que nunca soube o que é o sabor da cozinha das avós.
Isto das
misturas, lembra-me sempre o Hugh Grant, no Notting
Hill, a oferecer à Júlia Roberts a oferecer-lhe damascos embebidos em mel
e, ao mesmo tempo diz-lhe:
Damascos embebidos em mel. Porquê, não sei,
porque deixam de saber a damascos e ficam a saber a mel e se se quer mel compra-se
mel em vez de damascos.
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