Um guardião dos caminhos-de-ferro tinha a sua portagem
numa região desértica e desabitada, além das planícies de sal do
Turquemenistão. Por dia passavam dois comboios que desciam ao centro do
Uzbequistão e outros dois que subiam ao interior do Cazaquistão.
O guardião controlava os trilhos e, sobretudo, os parafusos que fixavam os trilhos às traves de madeira. Depois, com a bandeira, fazia sinais de segurança aos maquinistas. Em trinta anos somente um comboio parou, porque os animais bloqueavam a linha.
Os dois comboios de ida passavam um as oito e outro ao meio-dia, os do regresso, um às três da tarde e outro já de noite. 0 guardião recolhia tudo o que os passageiros lançavam pela janela, pouco antes da portagem. Acumulou montanhas de garrafas de vidro, latas, bolsas velhas, fotografias rasgadas. Conseguiu recompor postais, cartas de amor, uma grande fotografia de Greta Garbo. Encheu a casa de tudo o que os outros deitavam fora e, por muito tempo, viveu na companhia destas coisas rejeitadas.
Um dia, reconstruiu a fotografia rasgada de um jovem que partira de Tashkent para a frente de batalha. Encontrou todos os fragmentos, excepto aquela pequenina parte que pertence às pernas. Procurou no meio das silvas, inspeccionou nos montes de areia ao longo da via. Nunca encontrou aquela parte da fotografia.
Por uma estranha circunstância, alguns anos depois do fim da guerra, veio a saber que aquele jovem vivia ainda em Tashkent e que nos combates, em Smolensk, perdera as pernas.
O guardião controlava os trilhos e, sobretudo, os parafusos que fixavam os trilhos às traves de madeira. Depois, com a bandeira, fazia sinais de segurança aos maquinistas. Em trinta anos somente um comboio parou, porque os animais bloqueavam a linha.
Os dois comboios de ida passavam um as oito e outro ao meio-dia, os do regresso, um às três da tarde e outro já de noite. 0 guardião recolhia tudo o que os passageiros lançavam pela janela, pouco antes da portagem. Acumulou montanhas de garrafas de vidro, latas, bolsas velhas, fotografias rasgadas. Conseguiu recompor postais, cartas de amor, uma grande fotografia de Greta Garbo. Encheu a casa de tudo o que os outros deitavam fora e, por muito tempo, viveu na companhia destas coisas rejeitadas.
Um dia, reconstruiu a fotografia rasgada de um jovem que partira de Tashkent para a frente de batalha. Encontrou todos os fragmentos, excepto aquela pequenina parte que pertence às pernas. Procurou no meio das silvas, inspeccionou nos montes de areia ao longo da via. Nunca encontrou aquela parte da fotografia.
Por uma estranha circunstância, alguns anos depois do fim da guerra, veio a saber que aquele jovem vivia ainda em Tashkent e que nos combates, em Smolensk, perdera as pernas.
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