2 de Abril de 1975
Início da campanha eleitoral para a Assembleia
Constituinte.
Eleições marcadas para o dia 25 de Abril, apresentam-se
a sufrágio 12 partidos.
No Boletim de Voto, os partidos estavam dispostos por
esta ordem:
União Democrática Popular – UDP
Partido de Unidade Popular – PUP
Movimento de esquerda Socialista – MÊS
Parido Popular Democrático – PPD
Movimento Democrático Popular – MDP/CDE
Centro Democrático Social – CDS
Partido Comunista Português – PCP
Liga Comunista Internacionalista – LCI
Partido Socialista – PS
Frente Eleitoral de Comunistas (Marxistas-Leniniistas)
– FEC (ML)
Frente Socialista Popular – FSP
Partido Popular Monárquico – PPM
O PPD foi o primeiro partido a colar cartazes nas
paredes das ruas, o PS foi o primeiro partido a organizar um comício. Foi e
Faro e teve Mário Soares a presidi-lo.
Alguns anos depois, Manuel Beça Múrias, há-de publicar
no semanário O Jornal de 5 de Dezembro de 1980, a crónica Este Domingo
Eleições:
Este domingo, quando pisar de novo o cascalho solto da
escola do meu bairro, vou pensar no trilho de pó na picada do Zala, vou pôr à
frente dos olhos o esgar da morte no rosto lavado do Borba, naquele morro do
Hinda.
Este domingo, ao declarar o meu nome de cidadão que o 25 de Abril libertou, vou passar em revista, uma a uma, memórias das noites solitárias de Nambuangongo, quando as hienas vinham ao arame, ao cheiro do coval fresco no cemitério sempre em crescimento.
Este domingo vou poisar com amor a minha mão no ombro do meu filho Pedro e garantir-lhe que o «Vera Cruz» está na sucata.
Este domingo, sim, este domingo, vou limpar na minha mesa o pó do quadrado onde antes esteve instalado o telefone que ditava as ordens do lápis azul, na voz baça do alferes Cirne.
Mas também, claro, este domingo o meu risco azul num quadrado inesperado, (mais talvez do que sim, mais cabeça que coração) não é assinatura reconhecida da minha desistência.
Porque, neste domingo, eu estarei de vigília pelas noites em que as Chaimites saíram à rua e as fardas se puseram, por um instante de História, sempre, sempre ao lado do povo.
Este domingo, ao declarar o meu nome de cidadão que o 25 de Abril libertou, vou passar em revista, uma a uma, memórias das noites solitárias de Nambuangongo, quando as hienas vinham ao arame, ao cheiro do coval fresco no cemitério sempre em crescimento.
Este domingo vou poisar com amor a minha mão no ombro do meu filho Pedro e garantir-lhe que o «Vera Cruz» está na sucata.
Este domingo, sim, este domingo, vou limpar na minha mesa o pó do quadrado onde antes esteve instalado o telefone que ditava as ordens do lápis azul, na voz baça do alferes Cirne.
Mas também, claro, este domingo o meu risco azul num quadrado inesperado, (mais talvez do que sim, mais cabeça que coração) não é assinatura reconhecida da minha desistência.
Porque, neste domingo, eu estarei de vigília pelas noites em que as Chaimites saíram à rua e as fardas se puseram, por um instante de História, sempre, sempre ao lado do povo.
Fontes:
- Acervo
pessoal;
- Os Dias
Loucos do PREC de Adelino
Gomes e José Pedro Castanheira.
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