O Delfim
José Cardoso
Pires
Capa: Sebastião Rodrigues
Capa: Sebastião Rodrigues
Moraes Editora,
Lisboa, Maio de 1968
«Está assente, não se fala mais nos teus livros.
Conheces a Pàzinha Soares?»
«Quem?», pergunto
«A Maria da Paz Soares. Uma que escreve. Todos os anos
publica um livro de poemas e todos os anos muda de amante que é para manter os
cornos do marido em forma. É público, não há quem não saiba.»
Agarro-me ao nome:
«Maria da Paz…»
«Conheces com certeza. Não há ninguém que não conheça
essa cabra.» (Um momento: é aqui que Tomás Manuel irá jogar um dos seus
passatempos favoritos, o da cabra e rédea curta). «Poesia de cama, » continua
ele, «estás-me a perceber? Poesia para essas literatas das faculdades. Por isso
é que se eu tivesse uma filha havia de ser feita para casar. Não acreditas?
Olá. E ai dela se pusesse os cornos ao marido, que era o mesmo que mos pôr a
mim. Positivamente. Para a cabra e a mulher, corda curta é que se quer.»
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