Abre hoje a 43ª
Festa do Avante.
Ruben de
Carvalho deixou-nos no passado dia 11 de Junho.
Pela primeira
vez não teremos a sua presença física de Ruben de Carvalho.
A Festa é um trabalho
colectivo, mas desde o primeiro instante teve a talentosa e sábia intervenção
do Ruben.
Relembro,
naquele ano de 1976, o tempo que demorei até entrar no apinhadíssimo pavilhão da velha FIL na Junqueira.
A Festa que Portugal
nunca tinha visto!
O Mário-Henrique
Leiria, então director do semanário Aqui, recorte no topo do texto, escreveu
que apanhou pinhão de criar bicho, que estiveram lá 100.000 pessoas, ou mais, e
que pró ano vai arranjar-se espaço para que caibam 500.000, diz o Álvaro.
E assim foi
No ano seguinte a
Festa estava no Vale do Jamor.
Um estrondoso
êxito, mas no segundo ano, trataram de dizer que ali não podia ser mais. Necessitavam
do terreno para a construção de um campo de treino que nunca chegou a ser
concretizado
A Festa viajou,
então, para o Alto da Ajuda.
Melhor ainda.
Na Ajuda, a Festa
esteve de 1979 a 1986, o tempo em que o então presidente da Câmara, Abecassis
de seu apelido, disse que precisava do terreno para a construção da Faculdade
de Arquitectura cujo início de obras só veio a acontecer passados 5 anos.
Em 1987,
problemas logísticos não permitiram a sua realização.
Em 1888 a Festa
mudou-se para a Quinta do Infantado em Loures..
Perdeu brilho.
Esteve lá só
mais um ano e o Partido entendeu que não
mais se poderia andar com a Festa às costas.
Uma aguerrida angariação
de fundos permitiu a compra da Quinta da Atalia na Amora, Seixal.
Tudo feito de
raiz e se a Festa já era o que era, melhora de ano para ano.
Logo, ao cair da
tarde, sempre que se ouvir a «Carvalhesa», sentiremos o Ruben ao nosso lado.
Num tempo em que
Portugal não vivia os grandes concertos que se faziam pelo mundo, o que nos
dias de hoje se tornaram banalidade, a Festa do Avante era o único espaço para
ver o que de melhor Rubem de Carvalho conseguia trazer até Lisboa.
Para ajudar um
velhote a compor a sua parca reforma, dei-lhe uma série de revistas para que
fossem encadernadas, casos da Seara Nova, de O Cinéfilo, e os
primeiros programas da Festa do Avante.
Baseado nesse
volume, consigo ter uma ideia dos artistas que passaram pela festa.
Raro será o
artista português que não tenha passado por um dos palcos da festa, seria longa
essa lista, pelo que apenas deixo, e só até 1985, alguns dos artistas estrangeiros que por lá
actuaram:
1976: Pi de la
Serra, Area, Archie Shepp. Luigi Nono
1977: Soledad
Bravo. Miriam Makeba, Fairport Convention
1978: Charlie haden, Colette Magny
1979: Mercedes Soza, Max Roach, Richie Havens
1980: Tom
Paxton, Chico Buarque de Holanda, Edu Lobo, Simone, MPB4
1981: Ivan Lins, Lúcia Lins, Dexys Midnight Runners
1982: Baden Powell, Odetta, Josh White, Manu
Dibango, Buffy Saintt-Marie
1983: Judy Collins, Elba Ramalho, Luís Gonzaga
1984: Alceu Valença, Waldemar Bastos
1985: The Band, Holly Near .
Em 1976 a EP custava
cem escudos (100$00), em 1985 trezentos e cinquenta escudos (250$00.
No ano de
2001 o preço cifrava-se em dois mil e cem escudos.
Este ano, a EP custa vinte e seis euros.
Legenda: recorte do semanário Aqui de 5 de Outubro de 1976, páginas dos programas da Festa para os dias em que actuaram Tom Paxton. Chico Buarque de Holanda e Juddy Collins.
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