A Idade da razão
1º volume de Os
Caminhos da Liberdade
Jean-Paul Sartre
Tradução: Sérgio
Milliet
Capa:
Jos´Cândido
Livraria
Bretrand, Lisboa, Janeiro de 1975
-Brunet, ainda te lembras? Foste tu o meu melhor
amigo.
Bruner brincava com o fecho da porta.
- Porque teria vindo se não me lembrasse? Se tivesses
aceitado, poderíamos trabalhar juntos.
Calaram-se. Mathieu pensou: «Esta com pressa, Doido
por se ir embora.» Brunet acrescentou sem o olhar:
- Ainda gosto muito de ti. Do teu focinho, das tuas
mãos, da tua voz. E depois há as recordações. Mas isso não modifica a coisa. Os
meus únicos amigos agora são os camaradas do partido. Com esses eu tenho um
mundo em comum.
- E achas que não temos mais nada em comum?
. Bruner ergueu os ombros sem responder. Bastava uma
palavra, uma só, e tudo seria devolvido a Mathieu, a amizade de Bruner, razões
de viver. Era tentador como o sono. Mathieu endireitou-se repentinamente.
- Não quero demorar-te – disse – Vem visitar-me quando
tiveres tempo.
- Certamente – disse Brunet. – E tu, se mudares de opinião, manda-me um
recado.
- Certamente – Disse Mathieu.
Brunet abriu a porta. Sorriu para Mathieu e foi-se
embora. Mathieu pensou: «Era o meu melhor amigo.»
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