Gaveta de Nuvens
José Gomes
Ferreira
Capa: Dorindo de
Carvalho
Diabril Editora,
Lisboa, Fevereiro de 1975
Mas voltemos aos dois mancebos convizinhos da montra.
Afino a atenção e escuto-os no abstraimento de olhar para o outro lado…
Discutem. Ou com mais propriedade: embirram um com o outro, enredados em
labirintos de conversação inútil, a aquilatar por esta sentença que me entrou
de súbito pelos ouvidos com grande embófia exclamativa de língua inventada:
- Pois eu gramo ler livros à brava!
Vou repetir para que todos saboreiam bem. Gozem bem, sofram bem o espanto verbal e
a beleza rítmica deste autêntico paradigma da linguagem das gerações mais
recentes:
- EU CÁ GRAMO LER LIVROS À BRAVA!
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