Se o Natal fosse a luz, uma flor a romper
A escuridão do tempo.
Um cerco (múltiplos) dedos negros
De cinza, a alma negra
Do fumo que se espalha, e alarga, e estreita as
coisas,
Prendendo o horizonte, E não
há praia assim.
E tu falas de longe como um anjo
Dos caminhos que vão calar a morte.
Por eles, volto a Belém com a estrela, e não há berço,
Só um cão pedindo os nossos passos.
Vogo em Veneza a estagnação dos dias
Nas águas rosadas do poente
Desde Setembro, o mais cruel dos meses,
E sinto o mar do Sul, a sua ausência
Na terra do meu corpo, devastada.
A tempestade canta nas máquinas. Lavram
Os anúncios da paz.
Natal, a chama
Que vai trazer-me as horas
De respirar com todos na cidade
Em água iluminada, e esse chão branco, sabes,
Onde a neve é um sol.
Chamo o Natal e estou aqui à espera
De despertar mais logo
À flor do lago.
Maria Alzira Seixo em Natal…
Natais
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